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domingo, 7 de agosto de 2011

Grande Prêmio Brasil,Sem enxergar há 15 anos, Bebeto busca título no GP Brasil

Superada a perda da visão, treinador tenta se consagrar na tradicional prova. 'É impossível não ficar agitado e nervoso'
Há 15 anos, o treinador Roberto Morgado Junior, o Bebeto, perdeu a visão por causa de diabetes e entrou em depressão. Achava que sua carreira no turfe havia acabado. O tempo lhe mostrou exatamente o contrário. Com a ajuda diária do filho Betinho, ele voltou ao trabalho e ganhou títulos importantes. Mas ainda lhe falta a conquista do Grande Prêmio Brasil, marcado para hoje, às 16h30, no Hipódromo da Gávea.
"O GP Brasil é como se fosse a Copa do Mundo do futebol. É impossível não ficar agitado e nervoso", disse, convicto de que a disputa vai ser equilibrada e sem favorito. "Essa prova reúne cavalos bons e tudo pode acontecer."
Superação é a sua palavra preferida. Aos 40 anos, parou de enxergar e, rapidamente, mudou sua rotina e o jeito de lidar com os cavalos. Só não alterou a sua paixão pelos animais. "Quando perdi a visão, fiquei desesperado e apavorado", conta.
Com o passar dos dias, porém, ele aguçou outros sentidos, como a audição, o tato e o olfato. "Ponho a mão nos cavalos e já sei o nome de cada um. Reconheço-os também pelo compasso do galope e pela respiração."

Sua dedicação aos cavalos é em tempo integral. Como mora ao lado da cocheira na Vila Hípica, na zona sul do Rio, logo se levanta e vai ver o que está acontecendo quando escuta algum barulho. "Eles são da família. Durmo pensando e sonho com eles. É um amor incondicional."

A família de Bebeto é tradicional no turfe e serve de inspiração. Seu avô paterno, o espanhol Eulógio Morgado, foi o vencedor da primeira edição do GP Brasil como treinador de Mossoró, em 1933. O pai, Roberto Luiz Morgado, venceu o GP em 1972 com Fenomenal. E o avô materno, Gonçalino Feijó, ganhou a prova mais badalada do turfe nacional com Polux, em 1941.

Desta vez, o Too Friendly, comandado pelo jóquei Luiz Duarte, é a sua grande esperança de ingressar nessa lista. "Existe a expectativa, mas é difícil (chegar em 1º)..." Sem titubear, Bebeto apontou seu cavalo e mais cinco (Anakin, Una beleza, Tônemaí, Jéca e Sal Grosso) como os mais cotados para ganhar a prova e, de quebra, faturar para o proprietário o prêmio de R$ 400 mil.


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