Páginas

segunda-feira, 21 de março de 2011

Coração do Século XXI - Doenças e Novas Opções de Tratamento - Parte 3

Doenças do coração e as novas opções de tratamento

“A medicina busca a cada dia novas tecnologias na tentativa de prolongar a vida e principalmente manter a qualidade de vida com o envelhecimento. Novas descobertas principalmente na área da cardiologia vem solucionando problemas deste órgão tão importante para o organismo – o coração”.

Tratamento das Doenças das Coronárias

A introdução da angioplastia por balão há cerca de 20 anos revolucionou o tratamento das doenças cardíacas coronarianas, como a angina e o infarto: o procedimento usa um cateter com um balão minúsculo no interior das artérias coronárias obstruídas, para dilatá-las e restaurar o fluxo de sangue sem necessidade de cirurgia de pontes de safena. Mas descobriu-se logo que as artérias se obstruíram freqüentemente outra vez – em até metade dos pacientes dentro de seis meses após o procedimento. Mais recentemente, os médicos começaram a introduzir bobinas minúsculas de fio metálico chamadas stents, para manter as artérias abertas, como se fosse um arcabouço de sustentação.

Mas a reoclusão dos stents - ou reestenose - ocorre em aproximadamente 20% dos pacientes submetidos a este tipo de procedimento. Esta reestenose é causada por processos fisiológicos, que levam ao crescimento de células no interior do stent colocado, e é o maior fator limitante da técnica da revascularização coronária percutânea (por cateterismo). Esta reestenose tem sido muito estudada ao longo dos anos, na tentativa de buscar soluções que impeçam o seu surgimento.

Agora, uma nova técnica nova pode ter resolvido o antigo problema de manter desobstruídas as artérias do coração após a colocação de um stent: pesquisadores acreditam que stents revestindo com determinados medicamentos podem resolver este problema da reestenose. Em um estudo cujos resultados foram publicado na revista The New England Journal of Medicine em junho de 2002, sugere-se que stents implantados nas artérias coronárias podem ser 100% livres de reestenose, mantendo os vasos abertos, desde que revestidos com uma droga chama de sirolimus (rapamicina).

Neste estudo mundial publicado, chamado de Ravel, e que teve parte dele desenvolvida no Brasil, nenhum dos pacientes tratados com os stents revestidos desenvolveu a reestenose seis meses após seu implante, comparado com 25% dos pacientes tratados com os stents não revestidos com a droga.

Na experimentação, quase 240 pacientes foram selecionados aleatoriamente para receber os stents revestidos com o sirolimus ou stents sem revestimento. Seis meses após o implante, nenhum dos pacientes tratados com os stents revestidos tiveram reestenose significativa, comparado com 27% dos pacientes tratados com os stents sem revestimento. Um ano após o implante, 6% dos pacientes no grupo stent revestido tinha tido um ataque cardíaco ou outro problema de coração, comparados com 29% dos pacientes que tinham recebido os stents padrão (sem revestimento).

Os autores acreditam que no futuro este tipo de stent revestido poderá se tornar o padrão para este tipo de intervenção.

Tratamento da Insuficiência Cardíaca

Um novo tipo de marcapasso chamado de biventricular, e que controla tanto o lado direito quanto o lado esquerdo do coração pode auxiliar pacientes com insuficiência cardíaca congestiva (ICC), revela um estudo multicêntrico também publicado em junho de 2002 na revista The New England Journal of Medicine. Neste estudo, mais de 400 pacientes foram avaliados e submetidos ao implante do aparelho. Em alguns, o aparelho foi ligado, e em outros, mantido desligado, para que se criasse um grupo de controle.

Este dispositivo pode auxiliar pacientes com ICC, uma condição em que o coração se torna dilatado e começa a bombear com menor eficácia. Entre os sintomas da insuficiência cardíaca congestiva podem ser citados a falta de ar, o edema nos membros inferiores, e a fadiga. Contrações musculares coordenadas de ambas as câmaras do coração, conhecidas como ventrículos, são necessárias para um batimento cardíaco normal capaz de bombear o sangue para todo o corpo.

Este novo marcapasso biventricular é particularmente útil para aqueles pacientes portadores de uma alteração no eletrocardiograma caracterizada por um retardo na ativação do ventrículo direito para o esquerdo. Pelo menos 30% dos pacientes com ICC apresentam este tipo de anormalidade.

O marcapasso biventricular ressincroniza a contração e o relaxamento dos ventrículos, o que por sua vez diminui a quantidade de sangue que reflui para dentro do coração e aumenta a quantidade de sangue ejetado das câmaras. Esta ação melhora os sintomas da insuficiência cardíaca.

Este novo tipo de marcapasso não só foi capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes após 6 meses, como também de diminuir a necessidade de internações.

Os autores do estudo acreditam que um grande número de pacientes portadores desta condição altamente incapacitante, a insuficiência cardíaca congestiva, poderá vir a se beneficiar do aparelho.

Referências Bibliográficas:

The New England Journal of Medicine, Volume 346:1773-1780, June 6, 2002

The New England Journal of Medicine, Volume 346:1845-1853, June 13, 2002

Bibliomed, Inc.

parte 4 será postada em 24/03

Nenhum comentário:

Postar um comentário