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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

TREINADORA JULIANA DIAS


partir da corrida desta sexta-feira, a treinadora Juliana Dias Lepre dos Santos (J.D.L. Santos), passará a ser apenas Juliana Dias, nos programas oficiais do Jockey Club Brasileiro. Depois de escapar ilesa do tiro desferido por seu ex-marido Rodrigo Dias dos Santos Lepre, falecido recentemente, ela quer esquecer a tragédia e tocar a vida adiante. Juliana explica que a mudança de nome foi uma oportunidade de homenagear o pai, o experiente treinador, Odyr Jorge Meneses Dias, o popular Cai cai.

“Sei que ele vai ficar orgulhoso com a utilização do seu sobrenome. Quando comecei a treinar, em 2.004, havia casado há pouco tempo e não pude render esta homenagem a ele, que foi grande incentivador da minha carreira profissional. Espero que a mudança represente também melhores dias para mim e para minhas filhas, Victória e Laura”, fala.

Juliana tem sob sua responsabilidade 40 puros-sangues, 23 de propriedade de Heloísa Helena Oliveira dos Santos, 15, do Stud Cafelândia, e dois do Stud Teljumafer. O bom contingente de animais provoca certo preconceito por parte dos colegas da ala masculina. “Não são todos, mas a gente percebe que alguns se sentem incomodados por uma mulher ter mais cavalos para treinar do que eles próprios num ambiente de absoluta maioria masculina. Eu não dou à mínima e sigo em frente. Não espero privilégios por ser mulher. Quero apenas fazer o meu trabalho”.

A treinadora pede para não falar do incidente em que foi baleada. Mas admite que o fato de ter escapado viva do pesadelo lhe deu outra visão da vida. Segundo ela, o episódio pode lhe mostrar quem são os seus verdadeiros amigos e, além disso, lhe trouxe maior desprendimento para enfrentar as dificuldades do dia a dia.

“Tudo para mim agora é lucro. Escapei ilesa de uma situação em que normalmente deveria ter morrido. Tenho que aproveitar a oportunidade e encarar qualquer obstáculo. Tenho duas filhas para criar, contas para pagar e uma profissão difícil, com um nível de exigência enorme e alta competitividade”.

Juliana não precisa pensar muito para apontar Artic Ice, do Stud Cafelândia, como o melhor cavalo sob sua responsabilidade. O potro vem de chagar fora do placar numa prova de Grupo I ganha pela craque Desejada Duda, do Stud Alvarenga. A treinadora espera sua reabilitação na próxima vez em que for inscrito. “Ele corre bastante e talvez não estivesse maduro o suficiente para encarar as feras. Mas tenho certeza que ainda vai nos dar muitas alegrias”, aposta.

Com um time de 10 potros para a próxima temporada, Juliana vive a expectativa da qualificação do seu elenco. O Stud Teljumafer adquiriu uma potranca filha de True Confidence no leilão do Haras Campestre. Heloísa Helena Oliveira dos Santos comprou mais dois produtos do Campestre, uma potranca filha de True Confidence e um potro filho de Crimson Tide. Mas o maior investidor foi o Stud Cafelândia, com sete potros da nova geração.

“O Stud Cafelândia comprou bem e produtos de boa raça. No Top Classic adquiriu Vittel, filho de Dodge, de criação do Haras Anderson. No Paraná trouxe Nego Faceiro, filho de Mensageiro Alado, criado no Haras Cordilheira do Sul, Trompete, filho de Eyjur, criação do Haras Ponta Porã, e Thunder Boss, outro de criação do Haras Ponta Porã, filho de Durban Thunder. No leilão do Haras Pirassununga, o Stud Cafelândia comprou a potranca Zona Legal, filha do Special Nash. E finalmente Vickie Mor, filha de Dubai Dust, do Haras Fronteira, e Zefinha, filha de Torrential, de criação do Haras Santa Rita da Serra”.

Consciente de que com a chegada do calor talvez tenha que levar os potros para algum centro de treinamento, Juliana já começa a discutir com os seus proprietários, a partir do próximo mês, sobre esta possibilidade de mudança de ares no verão. “Se for preciso ir para a serra a gente vai. De mala e cuia. Não posso é dar os meus potros de mão beijada. Vou com eles para qualquer lugar”, afirma.

por Paulo Gama

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