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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Poder: Fatos Reais, por José Alceu Athaide

O meu saudoso e querido amigo Matias Machline era proibido de freqüentar as arquibancadas sociais e freqüentava assim, as arquibancadas do Padock, bastou uma intermediação minha para que tudo ficasse resolvido. Um dos comissários, o "cacique", era meu cliente e um dia me procurou e disse: - Alceu, você que conhece muitos turfistas e criadores no Paraná, por favor, de um jeito de vender por qualquer preço ou mesmo doar, duas éguas que não quero mais no meu Stud, não tenho nenhuma intenção de levá-las para o meu Haras.
Amadureci a idéia, fui ao Matias e disse: - Acho que tem um jeito de você entrar na social. Você esta disposto a gastar 20.000,00 Cruzeiros para comprar duas éguas sem nenhum futuro? Ele me respondeu que sim! Numa tarde de corridas fui ao “cacique” em questão e disse: - Vendi suas éguas por 20.000 cruzeiros, aceita? Ele me respondeu: - É claro isto é um milagre. Atravessamos pelo portão da cerca que separa o Paddock da Social e os apresentei “como se não os conhecessem”. O pagamento foi feito ali em um cheque e 2 ou 3 semanas após o Matias estava liberado. O Matias tornou-se como todos sabem um grande proprietário, fundador do inesquecível Haras Rosa do Sul, o resto todo mundo sabe. O Matias foi tão importante no turfe, que o Jockey Club de São Paulo inclui no seu calendário clássico o GP Matias Machline GI. Quis o destino que um dia um de seus crioulos vencesse a prova em sua homenagem e o Dr. Walter Lopes da Silva em eloqüente discurso no momento da entrega do troféu disse: - o Matias é o maior turfista da historia do turfe , ele cria , corre e joga. Melhor que isto não pode haver. Por um capricho do poder este homem esteve quase banido do turfe, seria um tiro no pé com um calibre maior que a burrice de tal “cacique”. Tornou-se sócio do Jockey Club e só não foi Presidente porque não quis. O Turfe do Brasil muito deve a este notável homem. O verdadeiro proprietário do Stud Palura por uma ocorrência no passado, também teve a sua entrada proibida em todas as dependências do nosso hipódromo. Num determinado dia da semana o Haras Ponta Porã iria realizar naquela noite o seu habitual leilão. O Camil proprietário do referido Haras disse assim: - Alceu se deixasse o Palura entrar no Jockey ele iria comprar no meu leilão de seis a dez produtos e em três semanas traria cinqüenta animais para o nosso hipódromo. Ouvi atentamente, sem comentar nada a ninguém, me dirigi à sala do Presidente Dr. Waldir Prudente de Toledo e expus tal situação, o presidente elegante como sempre me disse: - Se você ficar como responsável moral, eu libero agora. Respondi que sim, chamou o chefe da segurança e ordenou a sua liberalidade em todas as dependências do hipódromo. Tudo foi cumprido, a compra do Ponta Porã, como ao invés de cinqüenta animais, trouxe mais de setenta. Ele quer voltar! O Stud Ipauçu, destacado comprador de potros, possuía uma Coudelaria com muitos animais em nossa Vila Hípica que abrilhantavam as corridas, gostava de jogar nas corridas, porem de maneira licita, jamais se comprometeu com algum mal feito. Era também exímio jogador de cartas e por conseqüência um ganhador, um diretor do Jockey que também gostava de jogar cartas a diferencia entre eles no jogo era de um craque e um corredor de claiming. De tanto perder este diretor conseguiu expulsar o Toninho Iapuçu do quadro associativo, o que para o Toninho nada mudou, pois ele foi jogar em outros lugares. Se não bastasse tal perseguição a CT resolveu caçar sua matricula de proprietário, tudo porque seu treinador novato esqueceu-se de comunicar que um de seus cavalos que estava inscrito e ganhou “favorito” era vencedor de 1 corrida no Paraguai Para mim o sub mundo do turfe, o cavalo em questão que não me lembro o nome, também foi suspenso de correr por um determinado período. Conclusão: O Sutd Ipauçu vendeu todos os seus animais e deu adeus ao turfe. Esse foi um tiro certeiro no pé. O proprietário do Stud Simon, que tinha mais de vinte cavalos na Vila Hípica, apaixonado pelo turfe e que também gostava de jogar, um dia estacionou seu jaguar em local não permitido, ora simples seria que ele corrigisse tal ato, ao invés de proibir a sua freqüência na social, muito menos descontar cheques por mais bem abonado que fosse. Conclusão: Leiloou seus animais e disse adeus ao turfe, mais um tiro no pé. Numa determinada ocasião o jóquei J. Carlindo pilotou uma pupila do treinador C.Arthur , era franca favorita e chegou em ultimo lugar apesar dos seus esforços , a égua deixou a pista com claudicação aguda. O auto falante anunciou suspender por tempo indeterminado o jóquei J.Carlindo por falta de empenho pela vitoria. Na manhã do dia seguinte o treinador me chamou para examiná-la. Solicitei radiografias de um de seus joelhos e constatei múltiplas fraturas, irrecuperável mesmo para produção, indiquei o sacrifício, o que foi imediatamente realizado. Com as radiografias em mãos, fui até a sala da CT para ajudar a esclarecer tal episodio, la fui recebido pelo tal “cacique” que me disse: não se meta nisso, este problema não é seu, por favor, retire-se. Conclusão: Severa penalidade aplicada ao J.Carlindo que teve de ser cumprida até o fim, isto é o poder pelo poder. Parece piada se não fosse verdade. Um poderoso funcionário do Jockey Club chamou o treinador Serafim Correia, para prestar esclarecimento sobre a diversidade de desempenho de um pupilo seu. A conversa subiu de tom e o manda chuva disse: - De você tudo se espera, você é um jogador. O Serafim que não tem papas na língua respondeu: - Porque então o senhor não coloca policiais nos guichês? É fácil, assim ninguém mais joga e o problema do turfe esta resolvido. Conclusão: Gancho nele. O caso Salomão Ferreira: Treinador dos mais conceituados e honestos treinava os animais do Mato Grosso há muito tempo sem nenhuma mácula que o desabonasse. De repente e surpreendentemente, em cadeia, vários de seus pupilos passaram a acusar a presença de substância proibida nos exames antidopping. Com estes episódios, o treinador foi severamente punido. Foi um caso que despertou muitos rumores, pois, tanto o treinador, quanto o proprietário eram pessoas integras. O veterinário do referido haras Dr. Osvaldo Lenci, incorfomado com o ocorrido, resolveu ir a fundo e acabou por esclarecer que a ração usada para alimentação daqueles animais (mais de 150) apresentava uma substância antioxidante para a conservação do alimento. Animais do serviço antidoping do JCSP (cobaias) foram tratados com a tal ração, obtida de forma aleatório no mercado e também acusaram a presença de uma substância igual à encontrada pela cromatografia do serviço antidoping do JCSP, confundida que foi com uma substância de uso proibido. Esclarecido o caso o Treinador Salomão Ferreira no mínimo deveria ser inocentado e ter ato contínuo ao seu trabalho. Conclusão: Teve que cumprir até o fim o seu pseudocastigo. Quem manda, manda. Os meus comentários são calcados na verdade dos fatos ocorridos, nada como já disse no início é pessoal e sim demonstrar decisões de um colegiado, que muitas vezes é errada e não volta atrás. A elitização do turfe acabou há muito tempo a CT que manda em tudo precisa baixar a sua preponderância e torna-se um pouco mais flexível. Este ranço de mais de cinqüenta anos precisa mudar. Dr. José Alceu Athaide Publicado pelo Site Raia Leve www@raialeve.com.br

Um comentário:

  1. matias marcou a cidade de piraquara com seu haras tudo era limdo tinha so maquina mas que pena esta abondonado em ruinas e triste ver o que virou

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