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domingo, 8 de abril de 2012

Gripe Equina: apreensão no Tarumã vai chegando ao fim

O surto que atingiu todo o país (e que conta com apenas dois precedentes “registrados” na história do Brasil), fez da gripe equina uma “dor de cabeça” para os envolvidos com a criação equina, em todo o país. Com ocorrências interligadas ao surto “estourando” do Oiapoque ao Chuí, não houve quem passasse ileso por este problema. É bem verdade que a potência destrutiva do surto de 2012 não se compara com os dois outros anteriores, mas mesmo assim muita gente se incomodou.

A gripe também atrapalhou os calendários dos principais hipódromos do país, que se não tiveram suas corridas canceladas (como no caso de Gávea e Cidade Jardim, ao contrário de Cristal e Tarumã, onde as corridas foram paralisadas), foram “blindadas” para o trânsito de animais. Isso, por exemplo, já tratou de interferir nos ajustes do Grande Prêmio São Paulo de maio, cujas preparatórias vêm contando, única e exclusivamente, somente com animais treinados no Estado Bandeirante.

No caso específico do Jockey Club do Paraná, em Curitiba, há cerca de uma semana o trânsito, para entrada e saída de animais, foi liberado. Já com a situação devidamente controlada, e os animais atingidos recuperados da enfermidade, o Tarumã, no entanto, segue sem poder enviar cavalos a fim de competir em Cidade Jardim, por exemplo – pois em São Paulo o trânsito, como supracitado, continua bloqueado. Se comenta nos bastidores que, nos próximos dez dias, a Comissão de Turfe do Jockey Club de São Paulo deverá anunciar a liberação para tráfego de cavalos vindos de outros estados. Contudo, enquanto a decisão não é oficializada, os treinadores radicados em Curitiba, e que precisam correr seus animais em São Paulo, continuam de mãos atadas.

Um emblemático exemplo deste prejuízo, sentido na pele pelos treinadores do Tarumã, é o caso do experiente Márcio Ferreira Gusso, com o “seu” Gipsy Bullet, animal clássico em Cidade Jardim. Gusso pretende inscrever o filho de Romarin na prova máxima do turfe paulista, mas, até agora, não pôde corrê-lo em nenhuma das duas preparatórias já disputadas em São Paulo. Diante do exposto, o renomado profissional teve de alterar toda a sua programação, e correr Gipsy Bullet na 2ª Prova da Tríplice Coroa Paranaense, que será disputada neste domingo em Curitiba.

“Por culpa da gripe, e do bloqueio de trânsito dela decorrente, eu não pude inscrever o Gipsy Bullet em nenhuma das preparatórias do grande prêmio. Da mesma maneira, tive de alterar toda uma programação que havia feito, e hoje irei corrê-lo em Curitiba a fim de que ele não perca a forma. Mas note que o animal correrá fora de sua pista ideal, numa exposição que seria desnecessária caso a normalidade já houvesse sido re-estabelecida. De qualquer maneira, nós realizamos a pré-inscrição do Gipsy Bullet no GP Oswaldo Aranha, que será corrido daqui quinze dias, na esperança de que até lá tudo já tenha voltado ao normal”, explica Gusso.

Mas o que é o surto da gripe? Entenda o caso

A fim de prestar uma explicação mais técnica do assunto aos seus leitores, a reportagem do Raia Leve entrou em contato com o veterinário Fernando Marques Perche, responsável por algumas das mais importantes cocheiras e haras do turfe paranaense, e que esteve em contato direto com o problema da gripe.

Perche nos explicou, a priori, que quando nos referimos a este surto de gripe, existem enquadrados nele duas espécies distintas de “gripe”: a influenza (que seria o seu desdobramento mais comum e menos agressivo) e a rinopneumonite. Os programas de vacinação profiláticos, feitos em alguns hipódromos do país – geralmente com duas aplicações anuais – teriam eficácia contra a influenza, mas não em relação à rinopneumonite.

“Veja que mesmo em hipódromos como Gávea e Cidade Jardim, onde a carta de vacinação é rigorosamente cumprida, tivemos quadros clinicamente correspondentes à gripe. E partindo desse pressuposto, se supõe que a responsável por este surto tenha sido a rinopneumonite, que por sua vez precisa de um programa profilático muito mais intenso, com aplicações de 3 em 3, ou, no máximo, de 4 em 4 meses. Essa necessidade por uma série maior de aplicações se dá pelo fato de que os anticorpos da vacina contra a rinopneumonite (apresenta o herpesvírus como agente patológico) baixam de quantidade muito rapidamente, o que, num dizer leigo, faria com que a vacina perdesse sua eficácia de uma maneira mais rápida. Mas ainda ficamos restritos à desconfiança, uma vez que a certeza acerca do “tipo de gripe” só virá com o isolamento do vírus, teste este que está sendo realizado por um laboratório particular, que já colheu material por todo o Brasil”, explicou Perche.

por Victor Corrêa

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