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quinta-feira, 12 de abril de 2012
Agente de montarias, uma função que veio para ficar (1ª Parte)
Paulo Gama com líder Vagner Borges
Embora fosse uma função comum em turfes mais desenvolvidos, o agente de montarias, no Brasil, só começou a existir em 1997 quando o jornalista Paulo Gama, carioca das Laranjeiras, hoje com 53 anos, começou a captar cavalos para o jóquei Luiz Duarte montar:
- Luiz Duarte era campeão de estatísticas em São Paulo. Seu jeito tímido, porém, não o ajudava a arrumar cavalos para montar na Gávea. Com toda sua qualidade ficou restrito aos corredores do Haras Anderson, seu contratante na época, e a alguns outros poucos. Soube que me observou durante algum tempo antes de pedir a um amigo comum que me propusesse o trabalho. Portanto, foi ideia do Luiz Duarte o agente de montarias no Brasil – lembra Paulo Gama, precursor da função em nosso país.
Depois de Luiz Duarte, Paulo Gama trabalhou com M. Cardoso, com M. Almeida (apenas por dois ou três meses, período que Cardoso levou para se recuperar de uma fratura), com A. Gulart, com J. Ricardo (até a ida dele para a Argentina), com A. Mota, com D. Duarte, com T. J. Pereira e com R. D. L. Santos até chegar ao atual V. Borges, quando este ainda era um aprendiz. Paulo conta um pouco da trajetória:
- Tive a satisfação de trabalhar com grandes jóqueis e sempre com bons resultados, embora só tenha vencido estatísticas com o Ricardo. Quase ganhei com o Dalto Duarte, mas perdemos para o Mazini na última semana, de forma incrível. Acho que o turfe brasileiro pode ser dividido em duas etapas. Antes e depois de Jorge Ricardo, um jóquei diferenciado. Não conheço ninguém que tivesse condições de fazer o que ele fez nos primeiros seis meses de contrato na Argentina. Toda semana partia de avião para Buenos Aires e voltava ao Rio para trabalhar no centro de treinamento e montar nas corridas da Gávea. Um desgaste indescritível – define Paulo Gama.
Embora tenha sido convidado por Ricardo para exercer a função no turfe argentino, Gama não pôde aceitar:
- Claro que eu gostaria muito de ir, mas o momento era completamente desfavorável. Minha mãe estava com uma doença incurável e minha única irmã é excepcional. Tinha de cuidar das duas. Não havia condições de ver apenas meu lado profissional e deixar tudo para trás – lamentou.
No momento, Paulo Gama trabalha com Vagner Borges. Pegou-o ainda aprendiz e com ele conseguiu o recorde de vitórias da categoria no turfe carioca. O agente elogia seu agenciado:
- Algumas pessoas me levaram ao Borges. Por exemplo, o saudoso treinador Almiro Paim Filho, que foi professor na escola de jóqueis da Gávea, e os proprietários João Gabico e Anderson Stabile. Borges, embora tenha hoje apenas 19 anos, já carrega muita experiência. Começou aos 12 anos nas retas do interior do Rio Grande do Sul, onde obteve várias vitórias. Chegou a montar no Uruguai. Talentoso e com a vantagem de ser leve, tem 52 quilos, dá mostras de maturidade em corrida. Não sei até onde ele vai, mas minha intenção é criar um monstro – revela com sorriso de quem sabe aonde quer chegar.
O jornalista elogia Jorge Ricardo, conta como funciona sua rotina e garante que não tem do que se queixar em termos de faturamento:
- De início, havia apenas um agente de montarias, o jóquei Jorge Ricardo, que sempre esteve à frente dos demais. Ele era agente de si próprio e fazia o trabalho numa época em que só ele tinha consciência da importância dessa situação. Os demais se limitavam às ofertas de montarias às segundas-feiras, dia em que os compromissos para montar são assinados. Hoje, o jóquei que ficar esperando, vai ficar só assistindo às corridas. Minha rotina não é simples. Às segundas-feiras, dia da assinatura das montarias, assisto ao sorteio das balizas e travo o primeiro contato com a programação. Às terças-feiras, vou à Secretaria de Comissão de Corridas e aguardo as resoluções, a fim de tomar conhecimento sobre as suspensões, tanto do jóquei com quem trabalho, quanto dos demais. Às quartas-feiras, deixo separadas as montarias do Stud Alvarenga, contratante do Borges, e relaciono todas as montarias que ele teve nos últimos três meses, analisando quais podem ser inscritas na semana seguinte. Para dar ideia do trabalho, mais de uma semana antes eu já tinha relacionado mais de 20 montarias para esta semana. No dia de assinatura do compromisso, confiro se saíram os páreos em que tinha cavalo e comparo com alguma oferta para, então, decidir o que ele vai montar. Quanto ao faturamento, não tenho do que reclamar – finaliza Paulo Gama, um misto de jornalista especializado em turfe e agente de montarias no turfe carioca.
da Redação
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