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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Turfe, números da criação brasileira - 2010


NÚMEROS DA CRIAÇÃO 2010


A Associação Brasileira, através do Stud Book Brasileiro, deu informação a respeito dos números da criação brasileira quanto às éguas de cria e produtos nascidos e registrados em 2010. São os números mais recentes, já que as informações de ocorrências relativas a 2011 ainda estão decorrendo e as informações seriam apenas parciais.
As 3.827 reprodutoras tiveram 2.896 produtos, um aproveitamento de produtos vivos registrados de 75,7%, índice ótimo, podendo-se alvitrar índice de prenhes entre 80 e 90%.

Das 3.827 reprodutoras espalhadas pelo Brasil, no Rio Grande do Sul estavam 1.879, isto é, 49,1% do total nacional, que produziram 1.415 filhos, isto é, índice de aproveitamento de 75,3% dos registrados. Esses produtos gaúchos nascidos representam 48,9% da produção nacional. Isso quer dizer, em números redondos e aproximados, que o Rio Grande do Sul representa metade da criação brasileira. Dos 1.415 potros gaúchos, mais de 1.000, isto é, quase 71,0%, nascem nos municípios de Bagé-Aceguá, e os restantes cerca de 400, nos outros municípios gaúchos.

Depois do Rio Grande do Sul vem, em igualdade, os Estados de São Paulo e Paraná.
São Paulo tinha 816 éguas registradas, isto é, 21,3% das éguas registradas no país, que produziram 615 potros, um aproveitamento efetivo de 75,4% e representando 21,2% da produção nacional.

Os números do Paraná são muito semelhantes aos de São Paulo. As 808 reprodutoras, representando 21,1% do plantel nacional de éguas de cria, tiveram 622 potros registrados, aproveitamento de 77,0%. A produção paranaense representa 21,5% da nacional.

O Mato Grosso do Sul tinha 208 éguas registradas, isto é, 5,5% do plantel nacional de éguas de cria, que tiveram 162 potros registrados, aproveitamento de 77,9%. A produção sul mato-grossense representa 5,6% da nacional. É de se salientar que no Estado do Mato Grosso do Sul (*), 199 éguas (95,7%) e 160 produtos (98,8%) são de um único haras, o Haras Ponta Porã.

Todos os demais Estados juntos tinham 116 éguas reprodutoras, 3,0% do plantel nacional de éguas, e tiveram 82 produtos registrados, índice de aproveitamento real de 70,7%. A produção dos haras que não gaúchos, paulistas, paranaenses e sul-matogrossenses representam 2,8% do total nacional.

Há detalhes interessantes a serem acrescidos. Um deles é o alto percentual de aproveitamento efetivo, na média nacional, com índices superiores a 75,0%. O aproveitamento efetivo de mais de 75,0% é bem superior aos dos outros países das Américas.

O setor criacional sente naturalmente reflexos do que se passa nos clubes promotores de corridas. As baixíssimas dotações oferecidas pelos nossos Hipódromos, não incentivam investimentos, aumentos quantitativos nos plantéis, entusiasmos de um modo geral nos leilões. No geral, nos vários setores criacionais há mais desânimo e incredulidade do que entusiasmo. Há mais expectativa do que confiança no futuro. E, tudo isso, ante um quadro internacional onde os cavalos brasileiros tem se mostrado competitivos e vitoriosos. Os Hipódromos maiores, Gávea e Cidade Jardim, precisam que os Hipódromos médios, Cristal e Tarumã, tenham bons programas de corridas, que distribuam prêmios se não generosos, pelo menos não aviltantes.

Em uma análise das situações estaduais, no momento, indica tempos melhores, um futuro próximo melhor. O Rio de Janeiro, nos últimos quatro anos, implantou modernidades como um photochart norte-americano, de última geração; um partidor e uma cerca móvel australianos, os mais modernos internacionalmente, melhorou as condições técnicas da piscina dos cavalos, reconstruiu a pista de grama. Houve melhorias técnicas. São Paulo, após atravessar longos seis anos de desvarios técnicos e administrativos, passou às mãos de turfistas competentes, que já iniciaram uma necessária recuperação no sentido de voltar à liderança do turfe nacional. O Rio Grande do Sul promove semanalmente programa de corridas com bom número de inscrições, e as melhoras do clube são incontestes. O Paraná destoa, é o mínimo, que se poderia dizer.

Mas as boas perspectivas cariocas, paulistas e gaúchas ainda estão longe do fio da meada, isto é, prêmios pelo menos compatíveis com o custo/benefício. As dotações são aviltantes, desencorajadoras, incompatíveis com o poderio e os resultados do turfe brasileiro. Enquanto o fio da meada, isto é, as dotações dos páreos não forem compensadoras, com aumentos sistemáticos até que atinjam mais do dobro do que é oferecido. Repito, enquanto o custo do trato não tiver para os proprietários uma compensação satisfatória pelas dotações, no geral, o turfe brasileiro, por falta de incentivo e de condições apropriadas para aqueles que pagam as contas, vamos ficar sempre no aguardo de um futuro melhor.

Os números da criação brasileira são pequenos em números absolutos, mas importantes nos relativos. O Brasil já teve mais do dobro do número de reprodutoras e, conseqüentemente, de produtos, mas índices de aproveitamento real superiores a 75,0% só foram possíveis com a modernidade. Hoje em dia, os exames de prenhes através de sapos e exames de toque foram substituídos por exames de ultrassom, e veterinários residentes nos haras eram incomuns.

Esses são uns poucos detalhes da grande melhoria técnica. Mas manter veterinários morando nos haras se utilizando de aparelhos sofisticados custa dinheiro, que tem que passar pelo entusiasmo e paixão dos criadores, que por sua vez, necessitam dos recursos financeiros que se originam do fio da meada, isto é, de dotações adequadas, oferecidas pelos clubes promotores de corridas. Entusiasmo e paixão nem sempre são suficientes para pagar as contas.

por Milton Lodi

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