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sábado, 3 de dezembro de 2011

AGONIZANTE CRIADOR BRASILEIRO


AGONIZANTE CRIADOR BRASILEIRO


* Faz de conta que temos apenas um leitor que seja talvez eu mesmo, não importa, pois o que importa é não se omitir a realidade dos fatos presentes.

* A falta de renovação de turfistas, por conseqüência de proprietários, é o atestado atual da morosidade do turfe brasileiro. Um claro fenômeno de causa e efeito.

* Que adiantam os esforços isolados em se estimular o crescimento do quadro de proprietários de cavalos, se essa matéria prima está caminhando a extinção?

* Portanto não adianta colocar o carro na frente dos bois, isto é, renovando o apelo a novas fardas, se a omissão de planejamento por novos criadores tem sido fatal.

* Mais cedo, ou menos tarde do que se pensam, as corridas no Brasil vão se limitar às emoções internacionais, isto é, pelos cavalos do exterior.

* Os números da indústria cavalar não mentem, ao contrário do que nossos “diretores passageiros” insistem em se fingir de paisagem.

* Em 1991, precisamente há 10 anos, havia 8.077 éguas, 831 garanhões, 4.579 produtos e 1.493 criadores, sustentando as corridas da Gávea, Cidade Jardim, Tarumã e Cristal.

* Os números de hoje são acachapantes: 3827 éguas (64% menos); 235 garanhões (72% menos); 2.844 produtos (38% menos) e 333 criadores (77% menos).

* E olhem que esses dados, absolutamente confiáveis, são do Stud Book Brasileiro e pior ainda: com um ano de atraso, pois são de 2010.

* Que adianta então se estimular novos proprietários, se não motivamos econômica e politicamente novos criadores?

* A política dos Jockeys Clubs continua defasada e omissa, num constante desconforto de lúcido e prático entendimento com a criação nacional.

* É inadmissível que num país emergente como o Brasil se constate tamanho retrocesso estratégico graças, talvez, a falta de liderança com identidade nacional.

* Enquanto Cidade Jardim se corre as escuras; o Tarumã já quase não se corre mais; o Cristal insistindo pela sua rendição e há uma Gávea vivendo da receita do carteado.

* Porém, nem um de nossos quatro principais hipódromos se mostra preocupado com a indústria da sua matéria prima, o cavalo, um produto cada vez mais em colapso.

* Se as estatísticas criacionais prosseguirem no mesmo patamar atual, em 2020, daqui a nove anos, o turfe brasileiro poderá, com sorte, ter ainda 77 criadores, dos 1.493 de 1991. É mole?

* Sempre temos dito que, há muito tempo, as rédeas do futuro no turfe no Brasil estão à mercê da própria má sorte, graças à grotesca e teimosa falta de diálogo.

* Diálogo objetivo, que não existe há muito tempo entre os hipódromos e, principalmente, com as associações dos criadores, cujo reflexo tem sido progressivamente negativo.

* Ao contrário de muitos turfistas, somos há 58 anos testemunhas oculares do turfe nacional e mais, que se possa imaginar, um teimoso apaixonado pelas corridas.

* Assim como o turfe, neste país, está no bico do corvo como da mesma forma, por conseqüência, está o próprio jornal que, ora, vocês lêem. Não por vontade do Rizzon, claro.

* Respondam sinceramente: Corrida sem cavalo pode?

por Luiz Renato Ribas - ribas@cinevideo.com.br
transc. - Jornal do Turfe

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