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sábado, 19 de novembro de 2011

Prados de Porto Alegre



Na Segunda metade do século XIX a diversão predileta dos portoalegrenses era as corridas de cavalo conhecidas por “carreiras
em cancha reta”. As carreiras de cavalos, realizadas freqüentemente no Morro de Teresópolis, representavam um momento de reunião social e festiva, no qual as mulheres organizavam piqueniques.
As carreiras envolviam apostas em dinheiro e visavam indiretamente melhorar a raça dos animais
pelos criadores de cavalos. A tradição da elite rural portuguesa na criação de cavalos foi um dos
fatores que favoreceu a fundação dos primeiros hipódromos (prados) em Porto Alegre. Quando
surgiram os hipódromos, as corridas de carreiras começaram a perder espaço (Franco, 1988).
1872 Inaugura-se o primeiro Prado denominado “Derby Club”, na Várzea, atual Parque Farroupilha
(Lemos, 1919).
1877 Funda-se o Prado Bôa Vista, também conhecido por Hipódromo Portoalegrense, na Estrada Mato Grosso (atual Avenida Bento Gonçalves no Bairro Santana). Este empreendimento fechou
três anos depois, em 1880.
1881 Constrói-se o Hipódromo Rio-Grandense sob direção do engenheiro francês Eugenie Plazollesício.
A edificação do hipódromo coincidiu com o ciclo de prosperidade do arraial Menino Deus
(atual Bairro Menino Deus). A partir de 1874, o bairro, passou a contar com novos serviços de bondes de tração animal e iluminação pública a gás.
A circulação dos bondes e o Hipódromo Rio-Grandense foram responsáveis pelo desenvolvimento
do bairro Menino Deus, que inicialmente era povoado apenas por chacáras. O Hipódromo Rio-
Grandense fechou em 1909, quando Porto Alegre já acumulava um número expressivo de associações de remo e foot-ball.
1891, surgiu o hipódromo ou Prado Navegantes, em razão da expansão do sistema de bondes ao Bairro Navegantes.
1894, Depois da implantação da primeira linha de bondes no Bairro Independência foi construído o Prado Independência – também conhecido como Hipódromo Moinhos de Vento, no final
da linha do bonde N. S. Auxiliadora (atual Rua 24 de Outubro). O hipódromo e a expansão do serviço de bondes na Avenida Independência repercutiu no calçamento e intensificação da construção civil.
A Rua Independência tornou-se um ponto elegante da cidade, com forte concentração de moradores abastados.
1890 é a década do auge do turfe portoalegrense, considerado um dos principais espetáculos esportivos até o iníco do novo século. As disputas no turfe reuniam a elite portoalegrense e visitantes ilustres como Carlos Barbosa, Assis Brasil, José Montaury, Flores da Cunha, Oswaldo Aranha, Getúlio Vargas e João Goulart (Franco; Silva e Schidrowitz, 1940; Franco, 2000).
Início do século XX os espaços do turfe cedem seu lugar aos primeiros clubes de futebol em Porto Alegre, que iniciam em 1903.
O enfraquecimento do turfe está relacionado à transição para um novo modelo de sociedade.

O turfe era uma prática restrita as elites rurais frequentadoras dos hipódromos, que retratavam uma sociedade colonial e arcaica. O turfe passou a ser associado ao atraso de Porto Alegre, que desejava tornar-se uma cidade moderna, tendo como referência a capital do Brasil – Rio de Janeiro na época e cidades européias. O futebol estava associado à modernidade. As associações de remo também disputam um espaço significativo com o turfe no âmbito das representações sociais.
1959 O Hipódromo Moinhos de Vento transfere-se para o Bairro Cristal, adotando o nome de “Jockey Club do Rio Grande do Sul”.

A construção do novo hipódromo, popularmente chamado de "Hipódromo do Cristal”, devido a sua localização no Bairro Cristal, teve o apoio da “Associação Protetora do Turf”. O “Jockey Club”
praticamente eliminou as carreiras em cancha reta, mesmo porque, estas não poderiam acolher um grande público.
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Em Porto Alegre organizou-se corridas a moda inglesa com a fundação da Sociedade Protetora do Turfe.
Devem ser mencionadas duas sociedades turfísticas com matriz cultural luso-açoriana que existiram nos primórdios do turfe portoalegrense organizando corridas: - O Derby Club, com sede geografica na Varzea da Redenção, fundado em 1872 e perdurando até o final do século XIX, (cf. Pimentel, 1945, p113) e a Associação do Prado Navegantes, fundado em 1891 e funcionando até 1906 (cf. Franco (2000, p. 59) e Werner (2001, p. 62)
A atividade turfistica em Porto Alegre ganhou impulso com com uma sociedade (inicialmente chamada Turf Club) que organizava carreiras no Prado Riograndense, - inaugurado em 1881 e reinaugurado em 1891.
Desde 1894, já se noticiava corridas nos Moinhos de Vento, no chamado Prado Independência, no local que mais tarde seria oficializado como Hipódromo dos Moinhos de Vento.

A harmonia entre as entidades durou pouco tempo e a fusão entre os clubes promotores, surgiu como a única alternativa capaz de superar a crise do turfe porto-alegrense, o Derby Club, com sede no prado Independência. De duração efêmera, posto que elementos descontentes reabriram os hipódromos do Menino Deus (onde se organizou o Turf Club) e do Partenon (Boa Vista) com o nítido propósito de combater o Derby Club.
Não se conformando com a situação, José Joaquim Silva de Azevedo, tratou de organizar uma nova associação turfística convocando cidadãos de alta representatividade no meio empresarial, político e desportivo. Fundou assim, em 07 de setembro de 1905, a Associação Protetora do Turf que, em 03 de novembro teve sua corrida inaugural no Hipódromo Independência que foi posteriormente denominado de Moinhos de Vento.
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Já no ano seguinte o prado desta sociedade passou ao Prado Moinhos de Vento, onde foi disputado o segundo Prêmio Bento.
A sede social da Sociedade Protetora do Turfe localizava-s na Rua Andrade Neves, local em que, em reunião realizada em dezembro de 1944, foi alterado o nome da Sociedade para o de Jockey Club do Rio Grande do Sul, presidia a entidade Cneu Aranha.
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Prado Boa Vista, Hipódromo Portoalegrense, na estrada do Mato Grosso (atual av. Bento Gonçalves) com Rua Vicente da Fontoura.

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Prado Navegantes, que ficava na atual Rua Lauro Muller.


Prado Riograndense, situado na antiga Rua 13 de Maio (atual Avenida Getúlio Vargas), onde funcionou o Parque de Exposições Menino Deus e agora é área ocupada pela Secretaria da Agricultura do estado do Rio Grande do Sul.
Foi no Prado Riograndense , em 1909, que disputou-se o primeiro Grande Prêmio Bento Gonçalves, organizado pelo Cel. Caminha, e com auxílio do governo do Estado, então exercido pelo governador Carlos Barbosa. Competiram animais locais e estrangeiros , sendo vencido pelo uruguaio Aguapehy .

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Já no ano seguinte o prado da sociedade Derby Club passou ao Prado Moinhos de Vento, onde foi disputado o segundo GP Bento Gonçalves.
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Inaugurado em 1894, era o melhor dos quatro prados da capital, elegante, espaçoso e com uma pista de 1.000 metros.

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Sociedade Derby Club no Prado Independência - 25.05.1904
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No ano de 1909 os outros 3 Prados concorrentes já haviam fechado suas portas.

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A entrada principal do Hipódromo era na própria rua 24 de Outubro, servida pelos trilhos de bonde da linha “N. S. Auxiliadora”, que, em dias e horários de corrida, mudava o nome para "Prado". Cocheiras e dependências de tratadores ficavam próximas da pista, num arremedo de ‘vila hípica’ onde várias famílias moravam. Hoje, os mais novos que correm pelo ‘Parcão’ nem sabem que existiu ali um hipódromo vibrante, pequeno, que, para completar corridas de maior distância, tinha de dar voltas passando pelo pavilhão várias vezes, até a chegada final. Ali se disputavam grandes prêmios do turfe gaúcho, dentre eles o GP “Bento Gonçalves”, famoso em todo o país. E se apresentavam cavalos, como a famosa égua ‘Corejada’, do Studio Arado, de Breno Caldas (dono do Correio do Povo), montada pelo grande jóquei Antonio Ricardo.
Naquele tempo a partida não era mecânica. O starter tinha de ficar de olho vivo para o alinhamento enquanto os cavalos, muitas vezes indóceis, se mexiam à vontade chegando a atravessar a fita. Ela era reerguida, mas atrasando a partida do páreo. O jóquei Armando Reyna tinha uma tática: ele se posicionava um pouco atrás, na largada. Quando intuía que o starter estava prestes a levantar a fita, arrancava forte e passava pelos adversários ainda parados. Levantando poeira, aos gritos de ‘pega na cola’, torcedores de Reyna assistiam a largadas inesquecíveis.

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Domingo no Prado
Era muito fácil ir ao Prado nos anos 1940 e 1950. Pelas grades vazadas de ferro da rua 24 de Outubro viam-se os apostadores formando filas nos guichês de apostas, a menos de cinquenta metros de distância da calçada. Via-se também a entrada do Pavilhão Social do Jockey e os caminhos que levavam ao paddock. As corridas eram realizadas aos sábados e domingos. E, se não era um dia de grande prêmio, grupos de amigos e amigas podiam, sem problemas, entrar sem filas e se aboletar nos bancos de madeira do Pavilhão Social do Jockey, ver duas ou três corridas e, depois, passear pelo bairro dos Moinhos de Vento ou fazer outros programas. Era tudo muito perto.
Em 1959 a sociedade que mantinha esse hipódromo tranferiu-se para o terreno do bairro Cristal, onde até hoje está o Jockey Club do Rio Grande do Sul.
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Início do século XX
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O Grande Prêmio Protetora do Turfe no hipódromo do Moinhos de Vento, levava sempre um grande público ao evento. A prova é disputada tradicionalmente no dia 7 de setembro, data da fundação da entidade pioneira de corrida de cavalos em Porto Alegre, a Sociedade Protetora do Turfe, fundada em 1905.
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Em 1944, na gestão de Cneu Aranha, foi realizada uma assembléia geral extraordinária e a Associação Protetora de Turf, passou a se chamar de Jockey Club do Rio Grande do Sul, com jurisdição para captar apostas em todo o nosso Estado, excetuando-se nos municípios que possuem Jockeys Clubs com carta patente fornecida pelo Ministério da Agricultura.
Em 1959 a sociedade que mantinha esse hipódromo tranferiu-se para o terreno do bairro Cristal, onde até hoje está o Jockey Club do Rio Grande do Sul.
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Na primavera de 1959 foi corrido o ultimo páreo no antigo Prado dos Moinhos de Vento, vencido pela égua Tributada, montada pelo jóquei Nereu Severino.
A área do Prado Moinhos de Vento passou, assim, à Prefeitura de Porto Alegre, que a transformou no Parque Moinhos de Vento.
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Em 1959 foi mudado o local de corridas para o Hipódromo do Cristal. A primeira prova lá disputada foi um páreo comum, vencida pelo animal Duelo, com o jóquei Mário Joaquim Rossano.
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Com a saída do Jockey Club do bairro Moinhos de Vento, no final dos anos 50, a nova sede do clube foi construída na área onde antes se localizava uma hospedaria para imigrantes do governo do estado. A hospedaria já vinha sendo utilizada como quartel de treinamento para montaria desde que Bento Gonçalves trouxe a Brigada Militar para a antiga construção.

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A hospedaria já vinha sendo utilizada como quartel de treinamento para montaria desde que Bento Gonçalves trouxe a Brigada Militar para a antiga construção.
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Considerada uma obra-prima na época de sua inauguração, em 1959, depois de cerca de dez anos de obras, exigindo aterro de um trecho da margem do rio Guaíba. Os prédios foram desenhados pelo arquiteto uruguaio Roman Fresnedo Siri . As arquibancadas, de frente para a pista estão em tres pavilhões. O pavilhão da direita é conhecido como pavilhão popular. O central ou social é destinado aos sócios do Jóquei e a jogadores mais tradicionais. Já o da esquerda, denominado pavilhão Padock é aberto ao público de modo geral, e é o menor de todos. Lá também se localiza a cabine de imprensa. A área total do Hipódromo do Cristal é de 59 hectares, sendo que a Vila Hípica ocupa aproximadamente 18 hectares.
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Dimensões da pista
Sua principal de areia, com perímetro interno de 1928m , e sua pista de grama tem 1780 metros.
Na noite de 26 de outubro de 1965, na gestão do presidente Fernando Jorge Schneider, foi inaugurada a ilumunação para corridas noturnas no Hipódromo do Cristal.

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Hoje, os pavilhões do Hipódromo do Cristal estão tombados pela Prefeitura Municipal “motivado pelo reconhecimento da qualidade de seu projeto, que utiliza com maestria o repertório da arquitetura modernista com a escola carioca” (palavras do arquiteto Flávio Kiefer).
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