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terça-feira, 15 de novembro de 2011
Os Olhos do Meu Cavalo - Prosa e Verso
Aos poucos vão indo embora
As coisas que eu mais gostava...
Quando morreu meu cavalo
Por certo Deus descansava.
Era uma tarde de outubro
Com silêncio de sol-por
Um vento nas madressilvas
Ventava anúncios de dor.
No céu azul do potreiro
A corvada, em vôos rasos,
Trazia garras de morte
Mas a gente nem fez caso.
Quando a manhã veio cedo
Na recolhida pra encilha
Faltava um baio cebruno
Na forma da minha tropilha.
Um peão de olhos baixos
De freio e mango na mão
Me disse com dor na alma:
- Morreu seu baio, patrão!
As crinas entre as macegas
Cardavam teias de aranha
Que a manhã, ainda agora,
Tinha posto na campanha
E os olhos do meu cavalo
Que há pouco não viam nada...
Já tinham ganhado o céu
Pelas garras da corvada!
Ficou um silêncio largo
Talvez faltando um relincho...
Só um choro pelo arame
Pelo cantar dos pelinchos.
Olhando o baio estendido
Pensei, bem quieto, comigo...
Isso não é coisa, parceiro
Que se faça com um amigo!
Coisa triste de se ver
Um amigo desse jeito...
Ontem mesmo lhe apertei
A cincha no osso do peito!
E hoje lhe vejo assim
Posto em partida, sem viço...
Se Deus bem sabe o que faz
Não tava sabendo disso!
Se vai embora o meu baio
O pingo que eu mais gostava
Quando morreu meu cavalo
Por certo deus descansava!
de Fabiano Bacchieri
A historia é verdadeira?
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