Ricardinho

Jorge Ricardo


Escrever sobre Eça de Queirós numa dissertação de Mestrado, ou sobre Machado de Assis numa tese de Doutorado pode parecer lugar comum. Por quê? Talvez pelo excesso de estudiosos que escreveram até a exaustão sobre esses mitos.
No entanto, como um mestrando não se ater a esses clássicos? Contentar-se apenas com escritores ainda incipientes, cujos trabalhos ainda não foram explorados?
Ernest Hemingway, em 1924, esbarrava em Paris com Gertrude Stein e Scott Fitzgerald. Será que não cultuavam os clássicos? Claro que sim.
Ao ler o conto “The old man”, de Ernest Hemingway, cuja temática versa sobre um jóquei e toda a beleza de sua perfeita simbiose com o cavalo, vem-me à tona a lembrança de cenas singulares entre cavalo e cavaleiro que venho testemunhando em muitos anos de observação no turfe.
Como deixar de cultivar o óbvio no turfe? Como deixar de evocar as mais de 11.300 cenas vividas pelo campeão Jorge Ricardo no dorso de seus cavalos vitoriosos?
Mesmo não escapando da pecha de ser repetitiva, continuo escrevendo sobre o fenômeno das rédeas. Ricardinho é um clássico no turfe. Seus feitos beiram o insólito e merecem ser cantados em prosa e verso!
Num turfe competitivo como o da Argentina, com talentos como o uruguaio Pablo Falero, o peruano Edwin Talaverano, e argentinos como Juan Noriega, Gustavo Calvente, J.Costa, E.Ortega, Abel Giorgis, e outros, Ricardinho esfuzia na ponta, liderando as estatísticas argentinas pela terceira vez.
Ele está cem vitórias acima de seu ferrenho adversário, P.Falero, e ganhando uma média de 8 a 10 carreiras semanais. Em relação à liderança mundial, vem atropelando por fora com a meta de alcançar seu oponente Russell Baze.
No dia 4 de outubro, no Hipódromo de La Plata, no auge de seus cinquenta anos recém-completados, vence o Clásico Benito Lynch e, no dia seguinte, em San Isidro, manda 4 animais para o disco.
Mais cenas inesquecíveis e antológicas de completa integração cavalo e cavaleiro que sempre me fascinaram...

por Jessie Navajas de Camargo
JT