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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Entrevista com o Presidente do Jockey Club de Pelotas, Renato Braga

Renato esteve presente na festa máxima do turfe brasileiro no Hipódromo da Gávea
Na cidade de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, à aproximadamente 220km da capital Porto Alegre, está situado o merecidamente vitorioso Jockey Club de Pelotas. E atualmente, quem preside o clube com total aptidão e competência é o simpático e cordial Renato Braga. O Raia Leve bateu um papo com ele.

RL: Presidente Renato, conte-nos de onde veio e como chegou onde está hoje.

RB: Nasci aqui mesmo em Pelotas, no dia 13 de Junho de 1972. E desde que estava na barriga da minha mãe, já era um genuíno turfista. E daí para frente tudo foi acontecendo naturalmente, pois meu pai sempre foi proprietário, inclusive já fez parte de diversas diretorias no Jockey. Então já era de se esperar, que o menino Renato fosse um futuro proprietário e turfista apaixonado.

Sempre tive animais correndo no Hipódromo da Tablada e atualmente sou proprietário conjunto com meu irmão, Rodrigo Braga, do animal Oakfast, que provavelmente quando acabar sua campanha, seguirá para a reprodução. Mas estamos estudando a aquisição de mais três animais.

RL: Dentro de todos estes anos, qual foi, ou é, sua maior alegria no turfe?

RB: Minha maior alegria é ter sido eleito presidente do Jockey Club de Pelotas por aclamação pelo Conselho Deliberativo. Mas ainda quero viver o sonho de vencer um Princesa do Sul. Sendo este o maior clássico do interior do Brasil, com público estimado de 15 mil pessoas.

RL: Qual o melhor animal que viu correr?

RB: Ao vivo, All Arz. Animal iniciado dentro da Tablada, vencedor de prova de grupo, dono do recorde dos 2.000 metros, areia em Cidade Jardim, criação do Haras Santa Ignes de Spanier.

RL: O que o senhor achou do Grande Prêmio Brasil 2011?

RB: Lindo, foi um luxo... Foi muito bom, mesmo com o cavalo que eu apostei não sendo vencedor, o pupilo do Stud Rio Iguaçu, Jéca, do meu amigo Paulo Pelanda. Fui super bem tratado, e realmente o Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa, e o Hipódromo da Gávea, um dos mais lindos do mundo.

RL: Certamente, o falecimento do Presidente Carlos Mazza foi um momento muito delicado, não só para os turfistas de Pelotas, como também para toda a diretoria do Clube. Conte-nos como tem sido o dia a dia com a ausência do saudoso Mazza. E o que a sua história representa para a sociedade turfista da cidade.

RB: Foi uma grande perda tanto para o turfe pelotense, quanto para o turfe nacional, visto que o Stud Comendador M, tinha animais atuando, na Tablada, Tarumã, Cristal e Gávea. Quando ele faleceu, nós iríamos concorrer novamente à diretoria, ele de presidente e eu de vice. A morte dele para nós e a diretoria toda foi como a quebra de uma pilastra de sustentação. E aos poucos estamos botando em prática o legado que ele nos deixou, que é um manter o turfe pelotense sempre forte.

RL: O Jockey Club de Pelotas passou um período de portas fechadas, devido à perda de sua carta patente. E após muita luta e determinação dos envolvidos, a carta foi recuperada e o Hipódromo da Tablada voltou a realizar seus páreos. Conte-nos como foi este momento.

RB: Quando da perda da Carta, foi a mesma coisa que perdermos o chão. A Tablada ficou nove meses fechada, e no dia 16 de setembro de 2010, quando os fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, vistoriaram o Hipódromo e Vila Hípica, os mesmos já no momento da vistoria ficaram maravilhados com o hipódromo e também com a sanidade da Vila Hípica, Neste momento já tivemos a sensação de dever cumprido.

E me lembro como se fosse hoje. Toda imprensa de Pelotas estava presente no Jockey, e o senhor Motta, responsável pelo setor de Equídeocultura do mapa informou que a Tablada teria novamente sua Carta Patente aprovada. Eu vi no rosto do meu Presidente as lágrimas caindo. E como dizia o Carlinhos - apelido este carinhoso, que os amigos o chamavam - esta carta foi adquirida com muito suor e lágrimas.

RL: E quais são os planos daqui pra frente? Existe algum projeto encabeçado pela diretoria, para o fortalecimento do turfe em Pelotas?

RB: O Hipódromo Tablada, é o Jockey da região sul do Rio Grande, sendo que os Jockeys de Rio Grande e Bagé, perderam suas Cartas Patentes. Tanto é que a Tablada promoveu o Grande Prêmio Cidade de Rio Grande, na primeira semana de fevereiro, e na segunda semana de novembro, irá acontecer o GP Rainha da Fronteira, homenagem esta ao JC de Bagé.

RL: Quais são as suas expectativas para o futuro do turfe no Brasil?

RB: Minha expectativa é que o turfe só vai melhorar ou se perpetuar quando o Governo Federal auxiliar os hipódromos, como faz com os clubes de futebol.

RL: O que senhor tem a dizer, sobre o sucesso de animais de criação brasileira no exterior? Você acha que estes animais deveriam permanecer correndo em território nacional, para valorizar mais o turfe brasileiro, ou é válida a participação da criação nacional no exterior?

RB: Pro turfe nacional é muito bom quando os animais vão para o exterior e são vitoriosos. Isto só fortalece a criação nacional. Vivemos num mundo capitalista, lá fora o prêmio é muito maior que o nosso, não acho errado isto, é a mesma coisa que um jogador de futebol.

RL: Para finalizar, qual mensagem o Presidente do Jockey Club de Pelotas deixa aos profissionais, turfistas e proprietários que estão desmotivados e desacreditados com o turfe nacional?

RB: O turfe no Brasil é viável. Isto eu falo porque nós tivemos uma das maiores provas de que isto é possível. Pessoas que tiveram o comprometimento com o nosso hipódromo, que são grandes proprietários do centro do País, tais como: o Sr. Luiz Felippe Índio da Costa, o Sr. Afonso Burlamaqui e um grande empresário local, o Sr. Jaime Power. Sem estes eu não estaria aqui hoje, dando esta entrevista ao Raia Leve, visto que o Jockey Club ainda estaria fechado. E a minha mensagem final, é que os proprietários que estão desmotivados com o turfe, que adquiram animais novos, pois não há coisa melhor que ver seu animal disputando uma carreira.

Uso as palavras de um grande amigo, o colunista Jarbas Plínio de Mello. “O esporte faz amigos, mas o turfe faz muito mais”

por Eluan Turino

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