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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Grande Premio Brasil, curiosidades do GP Brasil VI

1991 – Foi quando Villach King venceu pela primeira vez o G.P. Brasil. Cavalo forte, brigador, avançava na reta com muito vigor. Foi um bom ganhador clássico, ganhou dos 2 aos 6 anos, com 9 vitórias e mais colocações, sempre na primeira turma. Forte, consistente, Villach King foi um dos melhores de sua geração. O pai era Present The Colors, importado por Bertrand Joachim Kauffmann para o Haras Santa Maria de Araras, mostrando-se um ótimo pai clássico. A linha alta passava por Hoist-the-Flag, daí a Tom Rolfe (o melhor dos filhos de Ribot na reprodução) até o invicto italiano Ribot. A mãe de Villach King era uma Vacilante em filha de Bonnard. Esse Bonnard, assim como Hot Dust, foi comprado pelo Santa Maria de Araras com o fito principal de produzir boas fêmeas para a reprodução. Em 1991, no 2º lugar empataram a égua Indian Cris (Fazenda Mondesir) e Veissman, criado pelo Haras Santa Maria de Araras.

1992 – Um G.P. Brasil digno da grandeza da prova. Nesse ano, pela primeira vez na história do Jockey Club Brasileiro, a oposição venceu as eleições, dois meses antes da realização do Grande Prêmio. O setor turfístico, em especial, estava mal cuidado, as pistas em péssimas condições e o G.P. Brasil de 1992 teve que ser disputado sem haver tempo para providências maiores. Com os novos tempos no turfe, o público compareceu em massa, enfrentando uma semana de impiedosa chuva que encharcou o Hipódromo. Pois foi com uma pista pesadíssima, completamente encharcada, que se assistiu um duelo de gigantes, Flying Finn e Falcon Jet, Juvenal e Ricardo, os animais tropeçando e se atolando, mas em reta acesa, brilhante. Os dois campeões chegaram a se esbarrar mais de uma vez, em função do piso escorregadio, mantendo-se os dois jóqueis com a maior lisura. Falcon Jet desta vez ganhou de Flying Finn, os evidentes prejuízos de parte a parte. Os dois jóqueis foram ouvidos pela comissão de corridas logo após o páreo, completamente molhados e imundos de barro. Com simplicidade, sem acusações, primeiro Ricardo e depois Juvenal deram suas explicações. A declaração final de Juvenal foi extraordinária, definitiva, ele disse que o resultado na pista tinha sido justo. A Comissão de Corridas confirmou o páreo, e Ricardo e Juvenal consagraram-se, não só como especialíssimos ginetes, mas também como exemplos em competições. Foi a primeira vitória de Jorge Antonio Ricardo em um G.P. Brasil. O ganhador Falcon Jet era filho do notável francês Ghadeer em égua sueca, filha de ingleses. Falcon Jet foi um cavalo praticamente de 2000 metros, distancia da qual há muitos anos é detentor do recorde. Mas sua classe era tanta, que alcançava e vencia em 2.400 metros. Falcon Jet nasceu em Bagé, RS e era de criação e propriedade do Haras Santa Ana do Rio Grande.

1993 – Foi o ano em que Sandpit apresentou-se na reta como provável vencedor, Much Better dominou o páreo, mas a vitória, outra vez ficou com Villach King. Peripércias normais de corrida tiraram a vitória do paranaense Sandpit, que chegou perto em 3º e, quando tudo indicava, na luta, a predominância de Much Better, no disco de chegadas Villach King conseguiu uma diferença ínfima. Ganhar de Much Beter em luta na reta de chegada, glorifica qualquer corredor.

1994 - A vitória de Much Better veio premiar o melhor corredor da época (e um dos melhores cavalos de corrida brasileiro de todos os tempos) e o campeoníssimo jóquei Jorge Antonio Ricardo, que só havia vencido o G.P. Brasil uma vez (com Falcon Jet em 1992). Much Better era muito bom, ganhou provas importantes na Gávea (G.P. Brasil), em Cidade Jardim (G.P. São Paulo), em San Isidro (G.P. Carlos Pellegrini) e La Plata (Clássico Latino-Americano). Esse paranaense, um crack de verdade, era de criação do Haras J.B. Barros (Jael Bergamaschi de Barros), e filho do irlandês Baynoum, um filho do fundista Sassafrás, que foi ganhador com 2 anos de idade. Baynoun foi comprado pelo hipólogo Bertrand J. Kauffmann para um grupo de criadores liderados por Jael B. Barros. A mãe de Much Better era uma paranaense filha de Brac, um milheiro argentino filho de Aristophanes que, como Baynoun, também foi importado pelas artes de Bertrand J. Kauffmann. O 2º colocado naquele ano foi Vomage, um paulista do Haras Moema.

1995 – Comparável com a multidão que lotou o Hipódromo da Gávea no primeiro G.P. Brasil em 1933, só em 1995 houve igual. Não cabia mais ninguém, euforia total, com a promoção de um páreo internacional de espetaculares proporções, com uma bolsa para o páreo de US$ 2.244.000 dólares, sendo US$ 1.000.000 para o proprietário do cavalo vencedor. Com o apoio ligado a um grande esquema publicitário e de vendas de bilhetes, o G.P. Brasil de 1995 foi um êxito talvez sem precedentes. Em final renhido e disputado palmo a palmo, foi vencedor o argentino El Sembrador (melhor potro de 3 anos em 1993/4, cavalo do ano em 1994/5, cavalo do ano em 1995/6, 2º no Pellegrini, 2º no Latino-Americano, 1º no Gran Premio Jockey Club). Em 2º a focinho, menos do que isso, uma linha, foi o norte-americano Talloires. Foi realmente uma pena que outro evento não tenha podido ser realizado.
1996 – Um dos menos expressivos. Foi vencido pelo paulista Quinze Quilates, filho do também nacional Only Once. O grande ponto forte do pedigree de Quinze Quilates é tanto pelo pai como pela mãe estavam grandes nomes do Haras Faxina (Henrique de Toledo Lara). O pai era da linha feminina da extraordinária Risota (com Earldom), a 4ª mãe do ganhador era uma irmã própria de Narvik. Quinze Quilates era de criação do Haras 2001, SP. O 2º colocado foi o também nacional Zé de Ouro, de criação e propriedade do Haras Bandeirantes, SP.

1997 – Outro nacional veio a vencer. Jimwaki, filho de Gem Master, de criação do Haras Equilia, SP, que veio a fechar as porteiras e reabri-las na Argentina com o nome de Haras La Providencia. Jimwaki venceu firme, montado pelo simpático chileno, há muitos anos radicado no Brasil, Gabriel Menezes. Jimwaki, que ganhou também no mesmo ano, o Clássico Latino-Americano, em San Isidro, montado por Jorge Antonio Ricardo é, hoje, reprodutor na Argentina, no Haras Las Ortigas.

1998 – O tordilho claro Quari Bravo, um filho do argentino Punk, de criação e propriedade do Haras Philipson, SP, foi um ótimo valor em sua época, excelente corredor. Quari Bravo era muito popular e sua vitória foi sem contestações. Em 2º chegou o também nacional Gablitz, de criação e propriedade do Haras Anderson. Quari Bravo morreu antes de ingressar na reprodução.

1999 – Um resultado absolutamente surpreendente. Um dos menos categorizados competidores do páreo, aproveitando-se de uma raia pesadíssima, enlameada, ganhou um G.P. Brasil de pouca expressão. Aiortrophie, um filho de O Maior, de criação e propriedade do, infelizmente extinto, Haras Malurica, SP, foi o ganhador. Ele veio a vencer em outras oportunidades, sempre em raias encharcadas, mas não era um cavalo de primeira classe. Aiortrophie não deixou saudades. O 2º foi o argentino Univalled.

2000 – Straight Flush, que já havia vencido o G.P. São Paulo foi o vencedor. Basicamente com aceleração típica de um milheiro ele, muito bem orientado pelo seu excelente jóquei, Luiz Duarte, impôs-se com autoridade. De criação e propriedade do Haras São José da Serra, PR, de Sérgio Menezes.

2001 – Foi o ano da vitória de uma égua, Queen Desejada, de propriedade do Stud Alvarenga, e de criação dos Haras São José e Expedictus. O pai, Know Heights, importado da Europa, tem um modelo físico não avantajado e bruto. É um reprodutor mais leve, de pedigree adequado para os criadores que desejam “fabricar” animais, não para a primeira campanha, mas para os Clássicos e Grandes Prêmios. Queen Desejada atropelou em grande estilo, vencendo uma linda corrida. Em 2º chegou o também nacional L’Orfeu, do Haras Santa Rita da Serra.

2002 – Voltaram os argentinos a ganhar o G.P. Brasil. Potri Road, um filho do também argentino Potrillazo (pai de muitos bons ganhadores), de criação do Haras La Madrugada, foi um convincente ganhador. O 2º colocado foi o nacional Gorilla, que depois, viria, com Jorge Ricardo, a vencer o Gran Prêmio Carlos Pellegrini, em San Isidro, na Argentina.

por Milton Lodi

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