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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

De Turfe um pouco..., por Mário Rozano

TURFE NÃO É APENAS UM JOGO É UMA PAIXÃO

No domingo passado o Jockey Club Brasileiro reuniu em seu aprazível Hipódromo da Gávea, um público estimado em torno de 15.000 pessoas para acompanhar a disputa do 79º Grande Prêmio Brasil, tradicional e mais importante prova do turfe nacional.

Com transmissão ao vivo pela rede Globo e cobertura de seus veículos, o que pareceu para muitos um grande sucesso, foi na verdade um evento isolado e distante do seu antigo status de duas décadas atrás, tanto pelo apaixonado turfista, que mesmo presente no hipódromo demonstrou preocupação com os rumos que o esporte caminha no país, como pelo espectador atraído pela emoção e beleza que somente uma corrida de cavalos proporciona.

Em uma atividade que gera desenvolvimento e divisas, além de envolver em torno de 13 mil profissionais no Brasil conforme recente estudo da Fundação Getúlio Vargas –, se torna urgente uma reformulação no gerenciamento e administração da atividade no conceito e no local que é o formador da base e do fundamento do esporte: os hipódromos.

São nos hipódromos que residem profissionais – jóqueis e treinadores; possuem cocheiras e equipamentos que abrigam uma significativa parcela de animais que treinam diariamente e possibilitam a formação da programação dos páreos nos finais de semana; dos pequenos proprietários, de prestadores de serviços de toda ordem e dos apaixonados pelo turfe, são os responsáveis pela receita e pela movimentação das corridas o ano inteiro.

Mas apesar de todos os percalços que o turfe vem sofrendo no país, a paixão existe e permanece inalterada, e isto é o principal e deve ser preservado de todas as formas. Paixão pelo turfe não é como a paixão pelo futebol. O turfe sempre vai sobreviver como paixão, o futebol, ou melhor, os clubes de futebol inspiram um amor que beira o partidarismo, contudo, hoje em dia, a paixão é pelo gol, porque o espetáculo do futebol, com certeza não é o mesmo de antes.

No turfe, além do espetáculo de uma carreira que jamais vai terminar, a vida é muito menos no espetáculo público do que nos seus aspectos mais íntimos. O turfe proporciona saborosos contratempos intelectuais. No futebol a torcida é pelo time, é a paixão pelo clube, pelo partido. Quando o clube vence ou perde, é o nosso time, o nosso clube. No turfe tudo é diferente. Para saber a possibilidade de vitória de um cavalo, é necessário enfrentar um verdadeiro emaranhado de situações, um exercício mental ponderando inúmeros quesitos: o peso do cavalo? Do jóquei? Da colocação no partidor? Da pista? Da distância? Das últimas atuações? Dos concorrentes? E por aí vai, não é apaixonante? Todos estes fatores trazem consigo a sedução de um enigma a ser decifrado. Não se escolhe um cavalo por simpatia ou beleza, afinal, o turfe não é um jogo de azar, isto é um privilégio do apostador profissional, do jogador compulsivo, é do amor ao vício.

Para o turfista, o cavalo que em sua opinião vai vencer o páreo é o produto de um problema exclusivamente seu restrito ao seu raciocínio, e após minuciosa análise crítica de probabilidades – inclusive selecionando palpites ou buscando em especialistas do meio as ditas “barbadas” ou a “poule de dez”. Isto tudo torna o turfe fascinante, lembra uma partida de xadrez, e por consequência, uma atividade intelectual.

O turfe é divertimento, descontração e esporte, e para quem está dentro do turfe, está participando de uma intensa atividade, sobre tudo normal, humana, social e economicamente viável para o conjunto da sociedade

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