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sábado, 2 de julho de 2011

Turfe, O ALERTA QUE NOS DÁ O TURFE NORTE-AMERICANO

O ALERTA QUE NOS DÁ O TURFE NORTE-AMERICANO


Numa época em que tanto se fala mas pouco se faz de concreto em termos de turfe único, pedra única e difusão de um simulcasting mais abrangente no turfe brasileiro, convém prestar atenção ao panorama atual desse esporte no cenário norte-americano. Apesar de sua força e tradição, o turfe também sofre com a crise econômica que assola os Estados Unidos, e exemplos para ilustrar não faltam, de leste a oeste do País, conforme mostrou semana passada a revista Blood-Horse.

O governo estadual de Nova York acaba de abrir uma fiscalização oficial em cima da New York Racing Association (NYRA), por conta da sangria no faturamento da entidade – rombo estimado em US$ 11 milhões este ano – e para investigar o simulcasting fechado com Churchill Downs, até agora pouco esclarecido para as autoridades novaiorquinas. Para piorar a situação, Robert Megna, diretor de orçamento do gabinete do governador Andrew M. Cuomo, mandou carta cobrando do presidente da NYRA, Charles Hayward, a falta de interesse da entidade turfística em enviar as informações solicitadas sobres questões fiscais e sobre o simulcasting com Churchill Downs, que teria levado recursos do estado para viabilizar um call center de captação de apostas no Oregon, sob o gerenciamento do famoso hipódromo promotor do Kentucky Derby. Tal fato incomodou a autoridade estadual e despertou a ira do senador republicano Andrew Lanza, em defesa da manutenção dos empregos para os cidadãos novaiorquinos.

Na costa oeste, aproxima-se o início da temporada no prazeroso Hipódromo de Del Mar, em San Diego. As expectativas, no entanto, não são das melhores, como relatou recentemente o jornalista David J. Beltran, de Chula Vista, na Califórnia. Com a diminuição do número de criadores, proprietários e cavalos no Estado, estima-se que o número de potros registrados nos hipódromos caiu em 40%, fazendo assim com que páreos que tivessem 10 inscrições passassem a ter seis. Páreos mais vazios, menor captação de apostas, repercutindo na oferta de prêmios nem sempre tão atraentes como outrora. A situação chegou ao ponto da diretoria do Del Mar Thoroughbred Club oferecer um bônus de US$ 1.000 para aqueles proprietários que transportassem seus cavalos de outros Estados para a Califórnia.

Pouco para compensar o que ainda vinha pela frente. Pressões fiscais sobre o governo estadual levaram o ex-governador Arnold Schwarzeneger, quando no exercício de seu cargo eletivo, a vender a propriedade do Distrito 22 da Divisão de Agricultura do Estado. Ou seja, a área do Hipódromo de Del Mar mais os terrenos utilizados para a Feira do Condado de San Diego.

A situação de Hollywood Park e de Santa Anita não se apresenta melhor. Fontes locais afirmam que este será o último verão do hipódromo localizado em Inglewood, algo que vem sendo dito desde 2008. Já em Santa Anita, a inconsistência das pistas sintéticas (primeiro o cushion track depois o pro-ride) e da nova pista dirt (terra/areia), vem trazendo obstáculos para os treinadores e desapontamento para os apostadores.

Os altos custos destas seguidas mudanças de pista (sempre na casa dos US$ 5 a 6 milhões cada uma), levou a uma situação pré-falimentar a empresa que administrava Santa Anita e o consequente fim da Oak Tree Racing Association. Para completar, a venda consumada e a demolição do Hipódromo de Bay Meadows, em San Francisco, que era considerado um importante ponto de apoio para o turfe californiano, afetaram ainda mais a confiança dos californianos no futuro de suas corridas.

Sob tais condições, Del Mar prepara-se para reduzir neste verão de cinco para quatro o número de dias de corridas, tal como fez Santa Anita em sua última temporada. Uma medida que inicialmente pode acomodar a situação financeira, mas que está longe de ser a solução final para os inúmeros problemas do turfe californiano e de todo o País.

A propagada inserção do turfe na indústria de lazer e entretenimento cai por terra quando se tomam medidas puramente financeiras como essa de reduzir o número de reuniões. O que mostra outra faceta do problema, qual seja, a que os hipódromos não podem mais sobreviver apenas da realização das corridas de cavalos, mas dependem sobretudo do uso racional de suas instalações e equipamentos para promoção de shows musicais, salões de automóveis, exposições de arquitetura e urbanismo, vendas de vestuário, calçados e acessórios, entre outros.

Para estarem inseridos na indústria do lazer e entretenimento, os hipódromos – com seus bares e cafés – precisam estar abertos ao público todos os dias ou quase. Para que isso ocorra, os eventos de marketing serão cada vez mais indispensáveis, além do que, sempre servirão como uma importante renda extra para os clubes e organizações de corridas.

por Cyro Queiroz Fiuza

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