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domingo, 31 de julho de 2011

Grande Prêmio Brasil, Curiosidades do GP Brasil I, por Milton Lodi

Desde 1933 o Jockey Club Brasileiro promove anualmente o G.P. Brasil, que é uma das provas mais importantes do calendário clássico sul-americano.Tradicionalmente, turfistas de todo país, e também do exterior, vêm para a semana do Brasil, que é corrido no primeiro domingo de Agosto. O evento desperta a curiosidade e o interesse também de não turfistas, dando um cunho de festa. É nessa época que os turfistas cariocas se encontram prazerosamente com os criadores dos outros Estados e Hipódromos. É uma grande festa turfística.

Nesses muitos anos de promoção, o Hipódromo da Gávea recebeu gente da melhor qualidade, e foi palco de competições memoráveis. Em 1995, por exemplo, a bolsa do páreo foi de dois milhões e duzentos e quarenta e quatro mil dólares, com a dotação para o proprietário do cavalo vencedor de um milhão. O Hipódromo ficou completamente lotado. Figuras carismáticas como o uruguaio radicado na Argentina, Irineo Leguisamo, cego de um olho e montando com absoluto sucesso até os 72 anos de idade, Luiz Rigoni, o melhor jóquei brasileiro de todos os tempos, Antonio Bolino, Antonio Ricardo, Juan Zuniga, Luiz Gonzales, Juvenal Machado da Silva, Jorge Antonio Ricardo, Pierre Vaz, Oswaldo Ulloa, Luiz Dias, Juan Pedro Artigas, Virgílio Pinheiro Filho, Francisco Irigoyen, Dendico Garcia, Albenzio Barroso, Carlos Giovani Lavor, Gabriel Menezes, Luiz Duarte, esses e tantos outros jóqueis que encantaram os turfistas com maravilhosas joqueadas.



1933 – em 1932/3 o presidente do Jockey Club Brasileiro era o Benemérito Linneo de Paula Machado, o diretor secretário Adhemar de Faria. Linneo viajava muito para a Europa, e era então Adhemar que se mantinha à frente do clube.Adhemar era muito amigo, desde os tempos de Faculdade de Direito, de Antonio Joaquim Peixoto de Castro Júnior. Em uma das viajens de Linneo, Adhemar e Peixoto tiveram a idéia da promoção de um Grande Prêmio altamente dotado, que receberia o nome de Brasil, e bancado pela Loteria Federal, da qual Peixoto era o concessionário. O plano era simples e fantástico, consistindo em um sorteio que atribuiria um número a cada concorrente, um bilhete numerado, e o resultado do páreo definiria a distribuição. A Loteria Federal certamente faria uma grande venda de bilhetes, bancaria um prêmio ao proprietário do cavalo vencedor, a quantia inimaginável para a época de 300 contos de réis, e ao Jockey Club Brasileiro caberiam os louros de uma espetacular promoção. Com a chegada de Linneo e a sua anuência, foi lançado publicamente o “Sweepstake”.

A notícia explodiu como uma bomba dentro e fora do mundo turfístico. Imagine-se só, uma venda de bilhetes que permitiria programar um Grande Prêmio de nome Brasil, com 300 contos de réis para o dono do ganhador. A notícia se espalhou rapidamente, os proprietários começaram a importar corredores, os melhores possíveis. Da Inglaterra, Franca, Argentina e Uruguai, e entre os compradores estavam o Dr. Linneo, o Dr.Peixoto, destacados nomes do turfe paulista, todos motivados para sensacional promoção, em clima de euforia.

À época a criação brasileira era incipiente, por isso os nacionais levavam boa vantagem de peso. Os transportes eram por trens no país e por navios quando do vinham do exterior, e quando um aportava com os importados para o G.P. Brasil, lá já estavam no cais jornalistas e fotógrafos, e no dia seguinte os jornais ilustravam e comentavam os acontecimentos turfísticos.

Com o prado lotado e em ebulição, foi corrido no primeiro domingo de agosto de 1933, o primeiro Grande Prêmio Brasil, 3000 metros, grama muito pesada. Por pescoço de diferença, o tordilho pernambucano Mossoró venceu o argentino Belfort, com o campeão uruguaio Bambu em 3º a dois corpos e em 4º Caicó, também tordilho e pernambucano. Dizem as crônicas e reportagens que o público invadiu a pista e em delírio tentou levantar do chão o campeão Mossoró, com jóquei e tudo. Mossoró assim como o seu companheiro Caicó, era um tordilho pernambucano de criação e propriedade de Frederico João Lundgren, treinador Eulógio Morgado, jóquei de Mossoró Justiniano Mesquita, jóquei de Caicó, Ignácio de Souza. O 3º colocado, Bambu, era do Dr.Peixoto.

Em uma época em que uma notícia levava uma semana aos extremos do país, no dia seguinte à vitória de Mossoró já era ídolo nacional.

1934 - A vitória foi do tordilho uruguaio Misuri, filho de um dos maiores reprodutores da época, de propriedade do seu treinador José S. Riestra. Não foi tecnicamente um G.P. Brasil de alto padrão. Os cavalos brasileiros chegaram descolocados.

1935 – Voltou um tordilho brasileiro a vencer, Sargento, bom ganhador clássico e posteriormente veio a ser um bom reprodutor. A segunda colocada foi a égua francesa Midi, mais tarde muito boa reprodutora no Haras São José e Expedictus. Sargento era de criação e propriedade de Antenor de Lara Campos, um dos grandes do início do turfe paulista.

1936 – Foi à vez do azarão uruguaio Cullingham. Não era um cavalo de primeira linha, mas em raia pesadíssima venceu em boa lei. O 3º lugar foi de Tacy, égua francesa que veio a ser uma das bases da criação do Haras São José e Expedictus.

1937 – O argentino Helium, filho do inglês Hunter’s Moon, (que após ser garanhão na Inglaterra e na Argentina, veio para o Brasil para o Haras Guanabara), venceu de forma indiscutível. Importado por Antenor de Lara Campos para defender a sua tradicional blusa lilás, em época heróica da criação brasileira, Helium veio a ser um excelente garanhão. Como curiosidade vale lembrar que em 4º lugar chegou Formasterus, que veio a ser um dos maiores pilares da criação nacional, no Haras São José e Expedictus.

1938 – O que acontecera em 1936 com o uruguaio Cullinghan, repetiu-se em 1958 como argentino Pêndulo. Em raia encharcadíssima, surpreendentemente ganhou o G.P. Brasil de 1938. Não foi um G.P. Brasil brilhante.

1939 – O Dr. Linneo participava anualmente da grande prova, já havia tirado 2º e 3º, mas não vencido. Em 1939, como já tinha uma parelha inscrita, correu o francês Six Avril no nome e naturalmente com a blusa do filho Francisco Eduardo. Um da parelha foi 3º, a vitória ficou com aquele que estava em nome do filho. Six Avril, montado por um dos melhores chilenos que já passaram pela Gávea, Juan Zuniga, ganhou por cabeça.

1940 – O outro importado por Antenor de Lara Campos, o argentino Teruel, venceu com grande autoridade. Contrariando todas as boas expectativas, Teruel veio a ser um desanimador reprodutor. Pouca velocidade e muita resistência resultaram mal.

1941 – O tordilho uruguaio Pollux foi o vencedor em 1941, mais um filho de Stayer a ganhar o nosso maior G.P. Pollux era de propriedade de brasileiros, fazia campanha na Gávea. Os concorrentes não eram de altíssimo
Padrão. Em 4º chegou uma linda égua francesa importada da Inglaterra de nome Corena, de especial pedigree, importada por Frederico João Lundgren para o seu Haras Maranguape (PE).

1942 – O grande reprodutor uruguaio Stayer colocou em 1º e em 3º, Latero e Lunar. O castanho Latero foi um excelente ganhador clássico na época das pistas brasileiras. Ganhou por larga margem e com grande autoridade para o seu proprietário brasileiro Jayme Muniz de Aragão (Blusa salmon, friso e boné azul); aos cuidados de um dos treinadores mais ganhadores e competentes do país, Oswaldo Feijó ( irmão mais velho do Gonçalino). Lunar, 3º colocado, era tordilho claro, correu para as cores de José Paulino Nogueira (Haras Bela Esperança- blusa laranja, cruz de Santo André e boné verdes). Foi bom corredor na primeira turma, posteriormente foi para a reprodução no haras de seu proprietário, a título de simples experiência, pois a sua condição maior de simples galopador, sem maiores velocidades e aceleração, não lhe dava boas perspectivas como garanhão. Confirmou a regra, nada produziu de especial. O 4º colocado foi o argentino de boa campanha no Brasil, Álibi, importado por Antonio Joaquim Peixoto de Castro Junior (Haras Mondesir).

1943 e 1944 – O Dr. Linneo de Paula Machado, desde a primeira edição do G.P. Brasil em 1933 tentou insistentemente vencer aquela prova em tão boa hora instituída por ele como Presidente, Adhemar de Faria como Diretor Secretário e Antonio Joaquim Peixoto de Castro Júnior pela Loteria Federal. Colocou-se muitas vezes, com animais criados por ele e também com importados, chegou mesmo a ganhar, mas com um importado da França e em nome do filho Francisco Eduardo. Mas ele não teve a ventura de assistir ao que tanto almejava. Morreu tragicamente em um desastre de avião, voltando de visitas aos seus haras paulistas, para o Rio. Pois logo em 1943 e em 1944, o seu creoulo Albatroz conseguiu um feito até então inédito, levou as suas cores à vitória por duas vezes. Com 7 anos de idade, Albatroz montado por Juan Zuniga ganhou dos conhecidos Álibi e Lunar. O 4º foi o pernambucano Xingo No ano seguinte, montado pelo chileno radicado em São Paulo, Luiz Gonzáles (apelido de Mestre), ganhou do faixa Ever Ready (esse com 4 anos e Albatroz com 8), 3º Álibi e 4º Foot Print (importado por Silvio Álvares Penteado (Haras Tamboré, SP).

Tanto o destino como a sorte e também o turfe, têm os seus caprichos.

pub em 12/06/2008 Raia Leve

Um comentário:

  1. Me chamo Rodrigo da cidade de paraty,me recordo quando Gabriel Menezes frequentou a casa da minha mãe aqui em paraty,na época eu tinha uns 10anos nunca esqueci de quando ele vinha pra cá. Nunca mais tive novidades do Gabriel. Meu contato é 24999056150

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