Jockey descarta 'vender' área na marginal para Kassab fazer parque
Os débitos com a Prefeitura, principalmente com IPTU, e com o governo federal ultrapassam R$ 250 milhões
Símbolo da elite paulistana no século passado, o Jockey Club de São Paulo convive hoje com o glamour de seus - poucos - frequentadores, dívidas milionárias, impasse sobre o futuro e uma promessa de tirar o clube do "buraco", como define o novo presidente, Eduardo Rocha Azevedo, ao falar da situação da entidade.
Os débitos com a Prefeitura, principalmente com IPTU, e com o governo federal ultrapassam R$ 250 milhões - mais de 10% de todo o patrimônio do Jockey, hoje avaliado em R$ 2 bilhões pela diretoria.
A possibilidade discutida num passado recente da Prefeitura desapropriar o terreno da sede principal, na Marginal Pinheiros, em troca desses débitos é descartada de imediato por Azevedo.
O projeto, idealizado pelo hoje secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo, quando participava do governo municipal, era preservar a pista de corrida e as cocheiras e transformar o resto num parque público. A área total, de 593 mil metros quadrados, vale, segundo a Prefeitura, cerca de R$ 350 milhões.
"Aqui [na Marginal Pinheiro] nem pensar [em negociar]. Lá podemos conversar", diz o presidente. O "lá" a que ele se refere é a Chácara do Jockey, no Butantã. Em 2008 a Prefeitura declarou o terreno, maior que o do Parque da Aclimação , de utilidade pública, o primeiro passo para a desapropriação. O município também pretende construir um centro de recreação no local.
"Dentro das condições de abrir mão do patrimônio, se for para resolver o problema da dívida, para mim está perfeito", diz, convicto. "Mas não é abrindo isso aqui (a sede principal) para o público, transformando em um parque, que você vai ajudar o Jockey. Ao contrário, vai prejudicar. Nós queremos ajuda dentro da lei. Só isso", garante.
Presidente mais jovem da Bovespa, fundador da BM&F, sócio de uma faculdade em Campinas e ex-diretor do próprio Jockey, o novo presidente adota um discurso contraditório ao falar das metas de sua gestão: ao mesmo tempo em que recorre ao poder público para sanar as dívidas, defende a continuidade da elitização do clube. "Não dá para vender um título a R$ 5 mil em dez prestações", ataca.
Mas as contas do mês não fecham. O déficit mensal consome R$ 500 mil. As apostas deixaram de ser uma receita atrativa, apesar do aumento de "15% a 20% nos dois últimos meses", segundo Azevedo. "O Jockey é um patrimônio da cidade e por isso não pode terminar. Não só as autoridades, mas a população, precisam entender que isso aqui é importante para a cidade, tem história. Vamos começar uma campanha para preservar o Jockey."
Próximo passo é profissionalizar a administração
Crítico ferrenho das antigas administrações do Jockey, inclusive a sua, quando foi diretor, Eduardo Azevedo se agarra no seu bem sucedido currículo de empresário para dizer que o clube tem jeito.
“O que a gente vislumbra é um futuro para esse Jockey porque o passado é muito feio. A nossa grande missão é conseguir tirar o Jockey do buraco”, fala, sem vergonha de esconder a difícil situação atual.
Em seis meses ele pretende apresentar aos sócios a minuta de um novo estatuto do clube, que permitirá o início de uma administração “séria e eficiente”.
“Vamos ter conselho de administração, um CEO e as demais áreas. Temos que ter um diretor de jogo profissional. Não dá para o diretor de jogo não entender nada de jogo”, fala.
Os números do páreo
Dívida: R$ 250 milhões
Patrimônio: R$ 2 bilhões
Jockey Club (Marginal Pinheiros)
Chácara do Jockey (Butantã)
Centro de Treinamento (Campinas)
Prédio vazio (São Paulo)
Sede Social (Centro de São Paulo)
1,5 mil cavalos
Fonte: Jockey Club
Fonte: Diário de S. Paulo - segunda-feira, dia 16/05/2011, pg. 16
Nenhum comentário:
Postar um comentário