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sexta-feira, 4 de março de 2011
Peru. governo admitiu ilegalidade em até 90% do mogno exportado
O governo do Peru admitiu secretamente ter abatido ilegalmente de 70% a 90% do mogno usado em suas exportações, de acordo com um telegrama da embaixada dos EUA revelado pelo Wikileaks. Além disso, o governo está ciente de que a madeira ilegal é “lavada” usando “documentos falsificados”, “extração de madeira fora dos limites da concessão” e “subornos”.
Comunicado da organização Survival International, com sede em Londres, afirma que a revelação vai constranger várias lojas DIY nos EUA, que importam madeiras da Amazônia. Home Depot, Lowe’s e Lumber Liquidators confirmaram à Survial que utilizam mogno peruano em seus produtos.
O então embaixador dos EUA no Peru, James Struble, citou “estimativas não oficiais do INRENA (Instituto Nacional de Recursos Naturais) em telegrama de 2006. Segundo a Survival, os comentários do embaixador mostram um retrato condenatório de má gestão florestal do Peru.
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De acordo com o telegrama, os EUA comprarm 88% das exportações de mogno do Peru em 2005, destacando seu papel significativo no extenso comércio ilegal de madeira do país. A maioria de mogno peruano continua destinado aos EUA.
A notícia vem poucas semanas após a exploração madeireira ilegal no Peru ter merecido manchetes internacionais, quando se verificou mais uma vez que os madeireiros se infiltraram em áreas protegidas e habitadas por tribos isoladas, forçando-as a fugir através da fronteira para o Brasil.
Os madeireiros representam uma grave ameaça, por exemplo, para os índios isolados Murunahua que poderão ser dizimados por doenças trazidas por estranhos ou enfrentar conflitos intertribais na medida que são expulsos de suas terras.
A reserva Murunahua fica perto da fronteira do Peru com o Acre, onde os índios isolados tem sido fotografados. Alguns indivíduos da etnia Murunahua foram contatado nos últimos anos e vivem fora da reserva.
A Survival International pede ao governo peruano para garantir que a terra Murunahua seja devidamente protegida. Segundo a organização, o telegrama do embaixador mostra o grau alarmante do quanto as autoridades estavam cientes da exploração de madeireira ilegal no Peru, pois não foram capazes de admiti-lo e pouco fizeram para impedi-lo.
- É inacreditável que após cinco anos, ainda vemos o desmatamento ilegal e sistemático e um completo fracasso para salvaguardar a terra habitada por povos indígenas vulneráveis. Os consumidores nos EUA e na Europa simplesmente não podem se basear em documentos que pretendem mostrar que o mogno peruano é de origem sustentável, já que seus certificados de garantia são claramente inválidos - declarou o diretor da organização, Stephen Corry.
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