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sexta-feira, 18 de março de 2011

NOVIDADES E TENDÊNCIAS DO TURFE MUNDIAL - PARTE IV

Considerações finais

Novos protagonistas começam a aparecer com destaque no mercado mundial do puro-sangue. Turquia, Índia, Malásia, Coréia do Sul e Arábia Saudita são cinco deles. Turquia, Índia e a Malásia criam. Os outros, nem tanto. Mas é a China o novo gigante surgindo no horizonte, fato que reforça a proeminência da Ásia em relação ao turfe do futuro.

Neste momento, a segunda maior economia do mundo está construindo nada menos que oito hipódromos, com uma projeção anual de apostas de 120 bilhões de yuans/ano (ou cerca de 12 bilhões de euros), e a perspectiva concreta de inicialmente ter que importar animais para a realização de seus programas de corridas.

Se quiser, a China pode criar também. Ela sabe como se faz isso desde tempos imemoriais, a julgar pelas hordas que desceram de suas vastas estepes, usando uma fantástica cavalaria, e dominaram a Europa central e do leste. Portanto, é provável que em poucos anos o "Império do Meio" vá passar a criar também. No atual ritmo de seu crescimento, isso é quase inevitável.

A primeira questão que se põe, é saber de onde virão, prioritariamente, os animais que a China terá que importar para fazer girar seus novos hipódromos. Em princípio, eles virão dos turfes geograficamente mais próximos como Nova Zelândia, Austrália, Índia, Singapura, etc. Mas parece evidente, que a Europa e os EUA não se permitirão ficar fora desse novo (e promissor) mercado. Neste momento, quem imagina a forma das coisas que virão, já começou a estreitar seu relacionamento e a estabelecer vínculos mais consistentes com o novo parceiro.

Se as normas chinesas sobre medicação seguirem o padrão europeu de proibir medicar para correr - como ocorre em Hong Kong -, muita coisa terá que mudar nesse campo. Não é por outro motivo, que aqueles países exportadores de cavalos de corrida onde a butazolidina e a furosemida ainda são toleradas, estão se preparando para ajustar melhor suas disposições a respeito. Os americanos sabem disso. Os europeus também.

Nos EUA, mesmo com as dificuldades do país em padronizar regras de condutas, tendo em vista o caráter não federativo de sua organização política, esteróides anabólicos já viraram crime, a butazolidina teve seus níveis de tolerância bastante reduzidos, e discute-se seriamente, quem diria, o uso indiscriminado da furosemida. Não há nada como o risco econômico de ficar fora, para pôr juízo nas cabeças...

No Brasil, nos antecipamos, em boa hora, à recomendação da OSAF sobre a não administração da furosemida a partir de 2013, no que respeita às provas da programação clássica do continente. Graças à recente - e histórica - decisão da ABCPCC, já a partir de 2011 nenhuma prova da programação "black type" do país contempla mais essa possibilidade.

Em síntese, cavalos sãos, livres de medicação, e, portanto, mais duráveis, parecem constituir o novo modelo de competidor de elite requerido por um turfe cada vez mais globalizado.

E junto com a nova voga, virá provavelmente uma mudança nos métodos de iniciação e treinamento dos juvenis. Mas isso fica para a próxima oportunidade.

por Sergio Barcello

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