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quarta-feira, 9 de março de 2011

NOVIDADES E TENDÊNCIAS DO TURFE MUNDIAL - PARTE I

NOVIDADES E TENDÊNCIAS DO TURFE MUNDIAL

É na reunião da Federação Internacional das Autoridades Hípicas (FIAH), realizada uma vez por ano em Paris, França, um dia depois da disputa do Prix de l’Arc du Triomphe, que o turfe mundial se reúne para debater seu presente e planejar seu futuro. Lá estão 59 países com assento na Federação, mais 4 organizações regionais, e 7 outras nações admitidas como observadores.

O Brasil está representado na FIAH pelos Jockey Clubes do Rio de Janeiro (2 assentos) e São Paulo (idem). Nos últimos anos, porém, parece que as duas sociedades promotoras de corridas se esqueceram disso (ano passado, por exemplo, ninguém do Jockey Club Brasileiro apareceu por lá). E como se esqueceram, dia virá em que simplesmente perderemos os assentos na FIAH, com todas as conseqüências daí resultantes. Esses são alguns dos problemas do atual turfe brasileiro, e, como tal, só o Brasil poderá resolvê-los. Mas isso é assunto para outro momento e outra ocasião.

O que interessa saber para efeito deste artigo, é que na última reunião da FIAH alguns tópicos importantes foram discutidos, entre eles a questão da evolução do jogo de apostas em corridas de cavalo, o uso da TV na divulgação dos principais eventos, e as estatísticas sobre a evolução da criação mundial. Tentaremos condensar as principais conclusões a respeito. Como se segue.

Jogo de apostas

Não é verdade que o jogo de apostas, bem assim, o interesse pelo esporte esteja em decadência em todo o mundo como, equivocadamente, se costuma afirmar. O que há são perdas naqueles países mais atingidos pela crise econômica deflagrada em outubro de 2008 nos EUA, cujas repercussões continuam até hoje, em maior ou menor escala.

Nesse contexto, o movimento geral de apostas (MGA) recuou 9,8% na América e 15,8% na Irlanda (um dos maiores atingidos pelo tsunami de outubro de 2008). E no Japão, o país onde mais se aposta em corridas de cavalo, a queda foi de 5,5%. Em compensação, o MGA da Austrália cresceu 12,8% e o de Hong Kong, China, 9,8%, aumentos esses bastante expressivos se considerarmos o panorama mundial da economia.

Em Hong Kong, o crescimento se deveu ao rebate de 10% dado a quem aposta mais de 1.000 euros e perde, fato que encorajou os grandes jogadores a jogar mais com menos 10% em seu orçamento. Para o novo secretario geral da Federação Internacional, o japonês Aki Akitani, colocado à disposição da FIAH pelo seu empregador, a Japan Racing Association, a experiência bem sucedida de Hong Kong equivale à aplicação no turfe do “Princípio de Pareto” (que demonstra que 20% dos clientes de um empreendimento – no caso, os grandes jogadores –, são responsáveis por cerca de 80% das receitas).

Na França, o Pari Mutuel Urbain (PMU) fez o mesmo, bonificando as apostas de vencedor e placé, os jogos mais populares naquele país, conseguindo com isso aumentar em 14% a arrecadação dos mesmos.

Nos idos da década de 1900, período 1992-1996, o Jockey Club Brasileiro fez o mesmo, e com ótimos resultados (principalmente no combate ao jogo paralelo), bonificando em 10% as apostas de vencedor e placé. Depois, o tempo passou, a Comissão de Corridas mudou, quem sabia fazer conta se afastou, extinguiu-se o cargo de diretor da Casa de Apostas, e tudo, afinal, se perdeu. Hoje, não há um responsável direto pela atividade e a estrutura dos jogos pode mudar ao sabor das conveniências do momento. Pena.

Em termos globais, o agregado do MGA nos países onde existe um turfe organizado alcançou 84,2 bilhões de euros (cerca de US$ 117 bilhões) em 2009, com uma queda de 1,2% sobre os mesmos números de 2008; 90% desse total são realizados pelas 8 maiores nações do turfe mundial. Para se ter uma idéia, 54,3% do movimento de apostas em corridas de cavalo está hoje concentrado na Ásia e Oceania; 33,7% na Europa e países mediterrâneos; e 12% nas Américas.

Em todas as palestras havidas, ficou claro que o futuro das rendas da atividade está diretamente ligado ao uso da INTERNET e suas várias aplicações. Em outras palavras, o turfe do futuro só terá possibilidade de enfrentar em pé de igualdade a concorrência de outros tipos de jogos, ampliando a captação de apostas via INTERNET. Neste particular, alguns países como a França, Austrália e Japão, entre outros, constituem a vanguarda do movimento. Nos EUA, essa questão tem sido bastante dificultada pelas legislações diferentes de cada estado da União. Ainda assim, a INTERNET foi responsável, em 2009, pela venda de cerca de US$ 1,3 bilhão em apostas nas corridas de cavalo da América.

por Sergio Barcellos

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