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quinta-feira, 17 de março de 2011

Mulheres, Renda feminina cresce mais do que masculina no Nordeste

A renda das mulheres cresceu mais do que a dos homens em três regiões metropolitanas do Nordeste pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) em 2010.

Em Fortaleza, Recife e Salvador, enquanto o rendimento feminino por hora avançou de 1,8% a 12,7%, o masculino variou de -0,2% a 9,7%.

Nas outras regiões do país, a renda feminina também avançou, mas em São Paulo e em Porto Alegre o incremento foi menor do que o obtido pelos homens. Em Belo Horizonte e no Distrito Federal, a variação foi semelhante.

A renda feminina foi puxada, principalmente, pelo comércio e pelos serviços domésticos --o Distrito Federal e em Recife, a indústria também se destacou. Para os homens, a construção civil esteve entre os setores com maior alta na remuneração.

Lúcia Garcia, supervisora da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese, afirma que a combinação aumento do salário mínimo com crescimento acelerado da economia em 2010 explica a vantagem feminina nas três capitais nordestinas.

Garcia pondera que, no Nordeste, as mulheres estão concentradas em postos de trabalho que pagam o mínimo. Portanto, a variação no rendimento base --que teve aumento real de 6,02% no ano passado-- é mais determinante para elas, já que os homens ocupam postos de trabalho mais variados e com remuneração mais alta.

Em Fortaleza, o rendimento médio das mulheres, descontada a inflação, passou de R$ 3,91 por hora em 2009 para R$ 3,98 em 2010 (o dos homens foi de R$ 5,07 para R$ 5,06). Em Salvador, avançou de R$ 5,19 para R$ 5,54 (R$ 6,29 para R$ 6,50 no caso dos homens).

E, em Recife, foi de R$ 3,70 para R$ 4,17 (R$ 4,52 para R$ 4,96 para os homens). Entre as sete regiões pesquisadas, o Distrito Federal é a que tem a maior remuneração por hora para mulheres: R$ 9,99 em 2010 (contra R$ 12,46 dos homens).

O fato de os salários no Nordeste serem mais baixos acentua a importância da alta real do salário mínimo.

O professor José Dari Krein, da Unicamp, concorda: "as categorias com menores rendimentos foram mais beneficiadas com a política valorização do salário mínimo, o que beneficia as mulheres que recebem menos do que os homens e estão segmentadas em ocupações com menor rendimento."

Krein destaca ainda que o comércio é um setor que emprega muitas mulheres. "No Nordeste o impacto do salário mínimo foi mais expressivo, dada a existência de menor remuneração média".


por CLAUDIA ROLLI / VERENA FORNETTI
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