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terça-feira, 21 de dezembro de 2010
ÁLVARO NOVIS,"CONFESSO QUE ESTOU TONTO,PERDIDO MESMO”.
O empresário, investidor e turfista Álvaro Novis, titular do Stud Alvarenga, uma das mais vitoriosas coudelarias da América Latina, confirmou hoje a decisão de liquidar com todo o seu plantel. Todos os seus puros-sangues, inclusive o velocista Desejado Thunder e a craque Desejada Duda estarão presentes num leilão, cujo modelo não está definido. Álvaro afirmou que optou pela razão e deixou de lado o coração. A situação política do clube, totalmente indefinida, o tem deixado desgastado. Segundo o vitorioso proprietário, aquilo que deveria ser lazer passou a aborrecer e frustrar o seu dia a dia. Afastado das corridas nos últimos meses e também da rotina de ir a cocheira ver seus puros-sangues, afirma que não vê qualquer sentido em pagar tão caro por um entretenimento que já não o diverte mais.
“Entrei no turfe pela porta da frente e quero sair por ela. Consegui montar um esquema profissional e ganhador. Para se ter uma idéia, neste semestre, a relação receita e despesa, deu lucro, algo quase inédito nesta atividade. Estou com quase 90 cavalos e não me parece coerente seguir em frente quando o líder afirma que o seu negócio está falido. A despesa é muito alta para você ficar sem saber qual a perspectiva para o futuro. Não posso participar de um investimento em que as pessoas que mais entendem do assunto se mostram inseguras e pessimistas. Confesso que estou tonto, perdido mesmo”.
O titular do Stud Alvarenga evita entrar na polêmica entre o presidente do clube e a oposição. Álvaro lembra que houve uma eleição e os sócios fizeram a sua escolha. Mas a insegurança política e a falta de uma definição, segundo ele, são absurdas. Lamenta profundamente o ponto em que as coisas chegaram e mostra-se surpreso com a política turfística atual, segundo ele, descaracterizada.
“A situação atual do turfe é mais ou menos o seguinte. É como se eu fosse o presidente do Gávea Golfe Club e proibisse que as pessoas entrassem no clube com taco de golfe. Eu tenho uma cocheira, que apreciava ir no final de semana com a minha família. De repente surge um projeto que não me permite fazer reforma ou qualquer coisa nela. A minha mulher não se mete em nada, mas a Duda, minha filha é apaixonada pelo esporte. Só tomei a decisão de fazer o leilão depois de conversar com ela. Ela ficou triste, a princípio, mas depois entendeu os motivos do papai. Agora nasceu a minha outra filhinha, a Tota, cujo primeiro produto até já estreou nas pistas”, conta com tristeza.
Álvaro faz questão de afirmar que o turfe lhe proporcionou muito maiores alegrias do que decepções. Lembra que através da atividade fez amigos para o resto da vida. Julga-se no direito de repudiar a insegurança política e o rumo sombrio do turfe no Rio de Janeiro afinal faz um investimento considerável. “As vezes eu tento imaginar o sentimento de proprietários como o Stud TNT, Haras Santa Maria de Araras e Haras Anderson ao ouvirem do próprio comandante que a atividade está falida e que só coisas mirabolantes podem solucionar as questões financeiras”.
O leilão de liquidação de plantel do Stud Alvarenga deverá acontecer no próximo mês de janeiro. Álvaro espera definir o modelo do leilão nos próximos dias. Confiante na excelência dos seus produtos e no alto nível de competência dos seus funcionários se mostra otimista com o sucesso do evento. Adianta que o leilão terá um caráter revolucionário. Freqüentador assíduo, todo ano, dos melhores e mais concorridos leilões do turfe nacional, Álvaro fala com autoridade de quem sentiu na própria pele um detalhe considerado por ele conclusivo.
“Eu nunca fui a favor do comprador ser penalizado. Em qualquer atividade quem paga as taxas é o vendedor. Os compradores do meu leilão podem ter uma certeza. Não haverá taxa para quem paga. O Stud Alvarenga, o vendedor, será o responsável por este pagamento. Falta definir apenas se vou fazer um leilão aqui no Rio e outro em Bagé, enfim, alguns detalhes. Volto a repetir. Esta decisão não tem motivo financeiro. Pelo contrário. O Stud Alvarenga teve lucro neste semestre. Toda a brincadeira saiu de graça. Mas não posso apostar num negócio em que os próprios comandantes não jogam suas fichas”, encerra.
por Paulo Gama
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