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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

CAVALO ÁRABE, HISTÓRIA DO CAVALO ÁRABE NO MUNDO


HISTÓRIA DO CAVALO ÁRABE NO MUNDO
A origem do cavalo árabe, depois de muitas pesquisas e de divergências históricas, continua sem uma prova definitiva: teria sido uma espécie selvagem que assumiu com o tempo sua forma, originária de cruzamentos entre outras? Teria o homem interferido nessa formação? A questão permanece envolta em mistério. Na verdade a primeira imagem aparece num baixo relevo egípcio do século 16 antes de Cristo.
A Cavalo Árabe de hoje tem uma cabeça pequena e côncava, pescoço arqueado, linha de garupa horizontal e cauda levantada de inserção alta. Estas características foram mantidas até hoje, através de 36 séculos. Quem poderá realmente dizer quantos outros se passaram até que estas características tivessem sido adquiridas e fixadas.
Não existe dúvida de que é a raça mais antiga do mundo, e a nenhuma outra se pode comparar em conformação, equilíbrio e beleza. Mas não foi por essas qualidades que durante 3500 anos o cavalo árabe foi tão apreciado: foi por sua extraordinária capacidade como cavalo de guerra. Pela velocidade, resistência, agilidade e inteligência.
O poderio dos impérios e de seus exércitos foi cada vez mais baseado na cavalaria. E pouco a pouco, a cavalaria ligeira ultrapassava em muito a pesada, com armaduras e armas de maneio lento. Os guerrilheiros montados em "cavalos que voavam nos pés" tornavam-se famosos e muito temidos.
Em 700 a.C. havia uma procura generalizada deste tipo de cavalo. Guerras eram iniciadas com o único fim de obtê-los em maior número possível. As lutas se sucediam entre assírios, persas, povos das estepes, em torno do mar Vermelho, até o Egito. Em selos, jóias, relevos e pinturas, encontramos a mesma imagem do cavalo árabe característico através dos séculos.
A lenda conta que Maomé, depois de uma longa caminhada, mandou que soltassem os animais para tomar água. Antes que eles chegassem ao lago, ele os chamou de volta, e apenas cinco éguas pararam, e em vez de matar a sede voltaram atendendo ao chamado do profeta. Ele abençoou estas cinco éguas, e delas se formaram as cinco linhagens famosas.
Porém, todas as referências citam apenas Kehilan Ajuz, que se confunde com o termo "puro". Portanto, todas as linhagens formaram-se a partir de Kehilan Ajuz. Somente em 1800 temos como definitivo a existência das várias linhagens: Kehilan, Seglawi, Maneghi, Abeyan, Dahman. Porém para os beduínos "são todos Kehilan".
Apesar de haver descrições, com características diversas, destas linhagens, notamos com surpresa que elas são continuamente cruzadas entre si, tornando difícil seu reconhecimento. Mais tarde, as tribos de beduínos criaram sublinhagens, isolando pela distância suas tropas.
O CAVALO ÁRABE NO BRASIL
Embora oficialmente a criação brasileira do Cavalo Árabe tenha começado no Rio Grande do Sul em 1929, com o registro do garanhão Rasul, importado da Argentina por GUILHERME ECHENIQUE FILHO, existem informações seguras de que muitos cavalos Árabes chegaram ao país bem antes disso. OSWALDO GUDOLE ARANHA, emérito criador e presidente da ABCCA entre os anos 1975 a 1977, em seu artigo no primeiro volume do Registro Genealógico do Cavalo Árabe (Stud Book) lembra que DOM PEDRO I proclamou a Independência do Brasil no dorso de um Cavalo Árabe e a belíssima obra do pintor que está exposta hoje no museu do Ipiranga na cidade de São Paulo é uma prova concreta desse fato.
OSWALDO ARANHA cita ainda registros de importações de cavalos Árabes em 1826, 1837, 1859, 1885 e destacando como sendo uma das mais importantes a realizada em 1894 pelo famoso estadista JOAQUIM FRANCISCO DE ASSIS BRASIL que trouxe Amir, Maalek e Mazir, três importantes reprodutores nascidos no próprio deserto e que impressionaram muito as autoridades na época. Depois disso importações da raça realizadas pela Remonta Militar do Exército, pelo Departamento Animal do Ministério da Agricultura e até mesmo por fazendeiros passaram a ser constantes, mas o interesse dos importadores era o de usar o Cavalo Árabe apenas como regenerador do plantel local. O grande mérito da criação regular do Cavalo Árabe no Brasil se deve ao gaúcho GUILHERME ECHENIQUE FILHO que importou da Argentina o garanhão Rasul e sete éguas puras, registrou-os todos num livro de registros aberto a todas as raças bovinas e eqüinas no Rio Grande do Sul e deu início à criação do Haras Er Rasul, uma homenagem a seu primeiro garanhão.
O primeiro Puro Sangue Árabe brasileiro nasceu em 15 de Outubro de 1929. Era uma fêmea, registrada com o número 8 no livro de Registro e o brasileiríssimo nome Airé, filha de Risfan e que veio no útero de Racbdar, uma das sete éguas importadas por Echenique.
Durante os dez primeiros anos de vida da criação de Cavalos Árabes devidamente registrada no Brasil, apenas as Coudelarias Nacionais de Saycan e de Rincão, além da família Echenique, todos sediados no Rio Grande do Sul, registraram 160 animais. Em 1941 o Departamento animal do Ministério de Agricultura, sediado em São Carlos-SP realizou uma grande importação de Cavalos Árabes. Chegaram da França quatro garanhões e 13 éguas dando início a uma das mais importantes criações brasileiras da época. Em 1955, haviam apenas 620 cavalos Árabes puros registrados, por apenas 4 criações quando o Ministério da Agricultura, através de seu departamento de Campo Grande no Mato Grosso do Sul, deu início a sua criação a partir de cavalos levados de São Carlos. Até à década de 60 os principais criadores brasileiros continuavam sendo o Ministério da Agricultura, o governo do Rio Grande do Sul e família Echenique que registraram juntos mais de 98% dos cavalos da época. Fora isso três criadores do Rio Grande Sul influenciados por Echenique e quatro criadores de São Paulo levados pelo Departamento Animal de São Carlos registram animais. Praticamente toda a produção era dirigida para a utilização nos Regimentos de Cavalaria do Exército e para a regeneração de tropas de fazendeiros através de postos de monta.
A criação do Cavalo Árabe no Brasil começou realmente a mudar quando em 1964, Dr. Aloysio de Andrade Faria importou três garanhões e seis éguas dos Estados Unidos, fundou a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe e reuniu os registros do Rio Grande do Sul e de São Carlos no Stud Book Brasileiro do Cavalo Árabe.
Com a criação brasileira organizada e começando a realizar encontros e exposições, leilões e importações bastaram apenas dez anos para que o número de cavalos atingisse o mesmo número que demorou 35 anos para serem registrados. Essa nova fase da criação brasileira foi até o início da década de 90, foi marcada pelas grandes importações e pela difusão da raça em todo o território Nacional. Chegaram ao Brasil Campeões Nacionais Americanos e Canadenses, reprodutoras de campeões e o Cavalo Árabe passou a ser criado em treze estados brasileiros.
Hoje, quase um século após o primeiro registro de um Cavalo Árabe no Brasil, a criação brasileira exporta cavalos Árabes para países da América do Sul, América do Norte, Europa, Oriente Médio e Austrália e é reconhecida como uma das mais importantes criações do mundo. Tem cerca de 35 mil cavalos puros registrados, 3241 haras inscritos no Stud Book e é uma das mais destacadas raças no país.
CARACTERÍSTICAS
Muitas das atuais características do cavalo árabe resultam de sua adaptação ao deserto. São, com certeza, aspectos de sua conformação primitiva que foram privilegiados, selecionados e desenvolvidos com grande sabedoria pelos beduínos. Isso foi realizado com tal maestria através de conceitos e ensinamentos passados de geração para geração durante milênios, que nenhum hipólogo ou compêndio sobre eqüinos se recusa ou mesmo titubeia em afirmar que o Puro Sangue Árabe é o mais perfeito animal e o verdadeiro protótipo do cavalo de sela.
Os olhos - Os olhos do cavalo árabe são típicos de muitas espécimes de animais do deserto. Grandes e salientes, eles são responsáveis por prover o animal de uma excelente visão, a qual alertava os primitivos cavalos Árabes dos ataques de seus predadores.
Narinas - As narinas do cavalo Árabe que se dilatam quando ele corre ou está excitado, proporcionam uma grande captação de ar. Normalmente as narinas se encontram semi-cerradas reduzindo a poeira proveniente da respiração nos climas mais secos como no deserto.
Maxilares - O tamanho e a grande separação entre os maxilares ou ganachas no cavalo Árabe proporcionam um bom espaço para a passagem de sua desenvolvida traquéia - provavelmente esse é um outro fator de adaptação para aumentar a captação de ar.
Carregamento de cabeça - O carregamento natural de cabeça do cavalo Árabe é muito mais alto do que qualquer outra raça, especialmente ao galope. O alto carregamento da cabeça facilita a passagem do ar, abrindo as flexíveis narinas e alongando a traquéia. É comprovado que os cavalos Árabes possuem maior número de células vermelhas que as outras raças, o que pode indicar que o cavalo Árabe usa o oxigênio mais eficientemente.
Pele - A pele negra por debaixo dos pêlos do cavalo Árabe é visível devido à delicadeza ou ausência de pêlos em torno dos olhos e focinho. Essa pele escura em torno dos olhos reduz o reflexo da luz do sol e também protege contra queimaduras. A fina pele do cavalo Árabe proporciona a rápida evaporação do suor resfriando o cavalo mais rapidamente.
Irrigação Sanguínea - As veias que se tornam visíveis por saltarem à flor da pele quando o cavalo Árabe enfrenta um grande esforço físico, em contato com o ar, resfriam rapidamente a circulação sanguínea, proporcionando maior conforto em longas jornadas.
Crina - Os pêlos da crina são normalmente finos e longos, protegendo a cabeça e o pescoço da ação direta do sol. O longo topete na testa também protege os olhos do reflexo e da poeira.
Focinho - O pequeno e cônico focinho também deve ser creditado de sua herança do deserto. A escassez de alimentos deve ter reduzido o focinho para o admirado tamanho e formato de hoje. Os finos e ágeis lábios provavelmente são resultados dos ralos pastos do deserto. Os cavalos dos beduínos pastoreavam apenas esporadicamente comendo poucos chumaços de grama aqui e ali, enquanto seguiam em suas longas jornadas. Lábios ágeis podem rapidamente se prover de pequenas porções de ralas gramas e ervas.
Estrutura Óssea - É fato que muitos cavalo Árabes possuem apenas cinco vértebras lombares, diferentes das seis comuns em outras raças. Essa vértebra a menos explica o pequeno lombo e a resultante habilidade em carregar grandes pesos proporcionalmente ao seu tamanho. No entanto, modernas autoridades do cavalo Árabe, como Gladys Brown Edwards, afirmam que não são todos que possuem cinco vértebras, muitos possuem o padrão de seis vértebras. Até hoje não é sabido qual número mais comum de vértebras no cavalo Árabe e não há evidência de que o Árabe que possui cinco seja mais puro ou mais desejável do que o que possui seis.
Carregamento da Cauda - O alto e natural carregamento da cauda é resultado da singular estrutura óssea do cavalo Árabe. A primeira vértebra da cauda, que se liga à parte interna da garupa é levemente inclinada para cima, ao contrário de outras raças que se inclina para baixo.
A cabeça - A distinta beleza do cavalo Árabe é uma das principais marcas do tipo da raça. O clássico perfil é marcado por duas características: jibbah e afnas, muito admiradas pelos beduínos.
Jibbah - é a protuberância acima dos olhos. Nem todos os cavalo Árabes maduros possuem, mas ele é óbvio nos potros. O Jibbah aumenta o tamanho da cavidade nasal proporcionando maior capacidade respiratória.
Afnas - O afnas é a chamada "cabeça chanfrada". O chanfro é a depressão no osso frontal da cabeça entre os olhos e o focinho, ele apresenta uma curva côncava no perfil da cabeça. Embora o Afnas fosse admirado pelos beduínos como um aspecto de beleza, nem todos os seus cavalos possuíam o chanfro pronunciado, da mesma forma que hoje nem todos os modernos cavalos Árabes possuem esse perfil. Mas uma cabeça é considerada boa e típica quando possui:
- olhos grandes, salientes, bem separados e situados logo abaixo da testa; - testa larga; - narinas grandes e flexíveis; - cabeça descarnada e seca; - a expressão geral é alerta, inteligente e vivaz.
Os chamados "olhos humanos" ou "branco nos olhos" no qual é visível a esclerótica branca em torno da íris é um ponto polêmico na criação do cavalo Árabe. Margaret Greeley em seu livro "Arabian Exudus" cita Wilfrid Blunt afirmado que o branco nos olhos não era um sinal de mau temperamento, pelo contrário, era uma característica desejada pelos beduínos. Muitos juízes e criadores modernos, no entando, desgostam e penalizam os cavalos que possuem essa característica a despeito do fato dela aparecer em certas antigas e valiosas linhagens.
Os textos acima foram reproduzidos do sítio da ABCCA

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