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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Haras Depiguá, o bravo criador do Nordeste


Haras Depiguá, o bravo criador do Nordeste

Em Gravatá, município a 80 quilômetros de Recife, está localizado o Haras Depiguá, único criador de puros-sangues desta região, e responsável por autêntica revolução no turfe pernambucano. Carlos Baltar Buarque de Gusmão, o seu proprietário, é um bravo nordestino, criado a poucos metros do Hipódromo da Madalena, e apaixonado por cavalos de todas as raças. Uma visita ao Rio de Janeiro, em 1970, e a conseqüente ida ao Hipódromo da Gávea, fez nascer nele à paixão voluptuosa pela raça PSI.

“Depiguá na língua indígena significa água. Eu tinha uma fazendola e nela havia um riacho com este nome. Quando registrei o haras, em 1985, decidi batizá-lo assim. Depois que assisti ao meu primeiro Grande Prêmio Brasil coloquei na cabeça que um dia seria criador de cavalos de corrida. Desde 1975 para cá só deixei de estar presente em três GPS. Levou tempo, mas em 2.008 tive condições adequadas para começar a realizar o sonho de ser criador”, conta.

Gravatá é uma região serrana, a 580 metros acima do nível do mar. O clima é ameno e a temperatura oscila entre 18 a 20 graus. Gravatá funciona como um criatório de eqüinos de várias raças, entre elas, manga-larga marchador e quarto de milha. Carlos Baltar é o único criador de puros-sangues de corrida. Toda a família se envolve na atividade e uma das distrações favoritas é a cavalgada.

Reprodutor: Going Away (Roi Normand e Gondola Real por Ghadeer) Reprodutor: Midnight Prince (Ghadeer e Careless Queen por Present The Colors)

O sonho de criar cavalos, alimentado por mais de 30 anos, não começou a ser realizado de qualquer forma. Carlos fez avaliação criteriosa do solo, rico em minerais, do clima, bastante favorável devido a serra, e procurou também filiações de bom nível. Adquiriu dois reprodutores. Going Away, filho de Roi Normand, e recordista dos 1.400 metros, na areia, do Hipódromo de Cidade Jardim, e Midnight Prince, filho de Ghadeer, com campanha iniciada na Gávea, na farda do Haras Santa Maria de Araras.

Sr. Carlos Baltar e a reprodutora Anabelle (Dark Brown e
Arminia por Executioner)

“Aproveitei também o leilão de liquidação do Haras Tibagi. Hoje possuo 13 éguas de boa raça, além dos dois garanhões. O veterinário José Roberto Marinho, o Beto Marinho, realiza visitas periódicas com informações técnicas e observação da formatura óssea dos potros. Faço tudo com os pés no chão. Nada aqui no haras foi feito no escuro”, garante.

Carlos Baltar considera três fatores fundamentais para o sucesso de um haras. Em primeiro lugar o manejo alimentar, depois o manejo sanitário e por fim a qualidade genealógica das filiações. “Em comparação com os melhores criadores do país sei que preciso melhorar muito neste último aspecto. Tenho deficiência genética para competir com os campos de criação do sul do país. Mas no restante possuo bela infra-estrutura. Aqui nós temos estação de monta, ultra-som, cobertura por monta e mão de obra excepcional”, exulta.

Um dos principais objetivos de Carlos Baltar na sua atividade de criador já foi alcançado. O turfe pernambucano passa por uma autêntica inversão de valores, segundo ele. Os proprietários locais sempre se caracterizaram por comprar puros-sangues de idade avançada no eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Atualmente, eles já comparecem aos melhores leilões de potros do país com o objetivo de conseguir bons produtos para competir com os dele no Hipódromo da Madalena.

“Esta inversão será bastante favorável ao nosso turfe no aspecto de qualificação do rebanho de eqüinos. Tenho plena consciência que ainda vai levar um bom tempo para o meu haras se firmar no cenário nacional. Mas não posso esconder a minha esperança de algum dia tirar um craque no meu campo de criação e poder sentir o orgulho de competir de igual para igual com os melhores do país aí no sudeste”, fala com aquela confiança inabalável de todo bom nordestino.

creditos Paulo Gama/Raia Leve

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