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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Raphael Munhoz da Rocha


ELE FOI O “PURO-SANGUE” DA CRÔNICA - Na última semana, a crônica paranaense e brasileira, perdeu a figura ímpar de Raphael Munhoz da Rocha (83 anos), do qual tive a honra de conviver por muitos anos, dos quais 50 como colega de crônica. Raphael nasceu em 19 de maio de 1927, na casa da família, situada a avenida Munhoz da Rocha, defronte a atual sede do Country Club. Era filho do casal Caetano (governador do Paraná na década de 20) e Silvia Braga Munhoz da Rocha, tendo como irmão Bento Munhoz da Rocha, também governador na década de 50. Apesar de trazer o sobrenome, Munhoz da Rocha, gostava de dizer “se eu fosse rico, teria um cavalo, não escreveria sobre os cavalos dos outros”. Como era um apaixonado por cavalos, começou a trabalhar aos 15 anos (1942) na tesouraria do Jockey Club do Paraná. Depois de alguns meses, passou a prestar serviço no Stud Book, no registro de animais. Em seguida, passou a colaborar com a Gazetinha Turfista, suplemento da Gazeta do Povo, comandada pelo também cronista Rodolpho Carlos Bettega, já falecido. Aos 17 anos no governo do interventor Manoel Ribas, trabalhou como assessor de comunicação na Secretaria da Agricultura, que na época era responsável por reprodutores e éguas puro-sangue de corrida na Granja Canguiri, onde hoje está localizado o parque Castelo Branco. Na época era encarregado do registro dos animais na granja, das comunicações, coberturas e outras formalidades. Por 9 anos trabalhou durante o dia na Secretaria e à noite no Stud Book e ainda colaborava com a Gazetinha Turfística, além de substituir os colegas Harry Wekerlin (O Dia) e Raul Gomes Júnior (Gazeta do Povo). Com a criação do Jornal Estado do Paraná (1951), pelo empresário Aristides Merhy e o advogado Fernando Afonso Alves de Camargo, foi convidado a fazer a página de turfe, aceitando de imediato. E tudo começou em 17 de julho de 1951, tendo inicialmente como colega o atual deputado federal e ex-ministro dos transportes Afonso Camargo, que na época era estudante de engenharia, permanecendo por pouco tempo. Dois anos após (1953), passou a acumular a editoria de turfe do jornal e redator do recém inaugurado Instituto Brasileiro do Café (IBC). Começou a escrever no jornal Ultima Hora, onde permaneceu por 4 anos. Ou seja, do começo ao fim. Em 1961 o secretário da Agricultura do governador Ney Braga, Paulo Cruz Pimentel, adquiriu o jornal. Passados 4 anos Pimentel concorreu ao governo do estado, contra o seu irmão Bento, o derrotando. Mesmo assim, Raphael continuou responsável pelo turfe, sempre com liberdade. Raphael gostava de frisar que não tinha o diploma de jornalista, pois todos os que militavam em sua época também não o possuíam. Somente mais tarde é que foi instituído o curso. Ganhou por 4 vezes o concurso de cobertura jornalística do GP São Paulo, disputando com jornais de outros Estados e por 50 vezes concursos de palpites promovidos pela Associação dos Cronistas de Turfe do Paraná. Em 2007, alegando total desinteresse, a direção do jornal resolveu acabar com a página de turfe, o dispensando. Ao longo dos anos só acumulou amigos, principalmente no Jockey Club do Paraná. Pela sua postura, era admirado por proprietários, criadores, jóqueis, treinadores, cavalariços, cronistas e acima de tudo, tinha um enorme contingente de leitores, ávidos em acompanhar os seus palpites. Em março de 2007, foi realizado o Prêmio Raphael Munhoz da Rocha “55 anos de jornalismo” e em dezembro do ano passado mais uma prova em sua homenagem. Com o seu desaparecimento, a crônica de turfe ficou mais pobre, enfraquecendo ainda mais o time, que anda carente de bons valores. Aos seus familiares os nossos sinceros pêsames.

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